Da Assinatura das Coisas – 14.6. A Cura da Repugnância

  1. O corpo exterior está na maldição, e alimenta-se do Salitre terrestre, pelas propriedades terrestres malditas; os apetites terrestres lutam uns contra os outros, porque a maldição é uma repugnância dentro de todos os sais; esta luta repercute-se no corpo, como um borbulhar, e para se livrar dele, ele tem que passar pela morte do fogo.
  2. O processo é o mesmo que para a cura da vida verdadeira. Essa repugnância provem duma oposição entre o Sal e o óleo vital; ele ilumina-se nos elementos e exalta-se no Salitre como uma vida estrangeira.
  3. Esta obscurece e destrói a verdadeira vida, se não lhe levam remédio, e não há outro remédio senão dar a essa repugnância um alimento análogo.
  4. Ele tem que ser levado à morte elementar e o seu espírito tem que ser tingido na quinta forma, pelo desejo de Vénus, para que o Mercúrio espiritual se eleve na propriedade de Júpiter. Ele tem que passar pela putrefação elementar: o fogo faz com que ele morra à terrestralidade, a fermentação aquosa livra-o da terrestralidade aquosa, igualmente para o ar; ele passa então para Vénus e daí para Júpiter, e finalmente nasce o Sol do desejo de Amor.
  5. Todas as outras curas são más; se opomos o calor ao frio, ou o frio ao calor, isto produz uma explosão ígnea, o fogo cessa a sua ação, o ser cai na morte e a raiz da repugnância torna-se num Mercúrio venenoso; se temperarmos o quente ou o frio com Vénus e Júpiter, a repugnância desaparece no borbulhar salnítrico, mas a sua raiz persiste até que a vida se torne forte. O médico notará facilmente que as plantas grosseiras não atacam essa raiz que permanece como um mal escondido, enquanto que a melhoria só é sentida nos quatro elementos.
  6. O mesmo ocorre com os astros em cujo corpo elementar ocorre o borbulhar; se eles são libertos dessa repugnância, o desejo deles vai para o bem, e corpo deles cura-se libertando-se da vaidade (Romanos, 7,19-22). Tal é a maldição da terra onde a constelação lança a sua avidez vã; se ela puder saborear uma vida pura, ela regozija-se e rejeita a repugnância.
  7. No óleo vital, a repugnância provém do Mercúrio e do Enxofre interior; o Mercúrio venenoso, movendo-se em direção à egoidade, a quando do relâmpago ígneo, no nascimento do Salitre, produz o pecado e a vida venenosa.
  8. Para ser imaculada, toda a vida tem que passar por meio do seu espírito volitivo pela morte ígnea da primeira impressão e aí abandonar-se à luz do Amor; quer seja celeste ou terrestre, o método é o mesmo, se ela deseja chegar à sua mais alta perfeição.
  9. Para o ser humano é necessário que o centro do Amor entre nele e que saia a vida própria ou egoísmo; para os elementos, eles também têm que passar pela morte ígnea, isso acontece no borbulhamento salnítrico terrestre para os metais e as plantas boas. Toda a propriedade deseja o seu semelhante e só o encontra no Amor, do mesmo modo, a liberdade eterna é introduzida, pelo fogo, na natureza eterna, em poder e em majestade.
  10. Tudo segue a mesma lei, porque tudo provém duma única essência misteriosa que é a manifestação do abismo numa base.
  11. Se a criatura permanece na sua categoria, não recolhe a repugnância, quer seja vegetante ou viva, porque cada forma alimenta-se da sua qualidade e não sofre nela.
  12. Mas se a vontade entra numa propriedade estrangeira, ela torna-se desejosa, o desejo produz uma fome, e a fome absorve a essência estrangeira, e como isto é contra o curso da natureza, nascem a repugnância e a turba, a essência estrangeira e a vontade lutam uma contra a outra.
  13. A Cólera eleva-se, as propriedades voltam para o seu centro na primeira impressão para aí buscar a força do fogo: daí resultam o calor e o frio nos corpos; a primeira mãe é despertada por esta luta na sua maldade mais furiosa, o combate prossegue e aquela das propriedades que é vencida consome-se na morte.
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