Da Assinatura das Coisas – 12.4. Plano do Caminhar da Humanidade
- Depois da sua ressurreição, Cristo percorreu durante quarenta dias o mistério dos três princípios, na propriedade do primeiro Adão, antes do seu sono e antes de Eva; ele mostrou-se aos seus discípulos segundo a sua humanidade exterior, e fez com que eles reconhecessem o seu corpo. O artista também entenderá que a matéria-prima desaparece na morte da sua vida que é a Cólera furiosa e ressuscita na essência que ela era antes da maldição; ela é então fixada no fogo porque ela está morta para o regime dos quatro elementos e porque ela vive na quintessência; não que ela seja essa quintessência, mas ela repousa ali; o espírito do corpo novo verdeja ali com o seu brilho, como o primeiro Adão na inocência e na perfeição.
- A nossa humanidade corrompida, cujo Mercúrio se tinha tornado num veneno, foi tingida por Cristo, por meio do sangue celeste da Virgindade divina; o abandono surgiu, o desejo Saturnino, Marcial e Mercuriano morreu no sangue de Vénus, e renasceu na Vontade e no Amor unidos.
- O artista notará que a tintura é mais nobre para o ser humano, neste vale de lágrimas, do que o corpo que dele ressuscita, porque o espírito é a vida da qual o corpo é apenas uma figura.
- O artista saberá que o sangue é a casa do Espírito; isto é reconhecido quando a pérola do noivo derrama o seu sangue sob os golpes dos três assassinos, quando o cavaleiro mergulha nos infernos e que o eu humano se entrega, quando o leão branco mostra a sua cor vermelha:1 nisso reside a cura da doença e a morte da morte.
- O corpo material é transformado em celeste na morte pelo sangue do Amor. A tintura encarna-se e vai-se embora quando o corpo se eleva no esplendor solar; ela infunde-se completamente na essência corporal, da qual ela é o esplendor e a cor; o artista não consegue mais separá-los, porque estão unidos na quintessência, no mistério do Verbo fiat, até à manifestação do Julgamento Final. Em seguida, virá o tempo do mar de cristal, diante do trono do Ancião (Apocalipse, 4,2-8).
Notas
- Ver o Cântico dos Cânticos, passim. [ ↑ ]
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