Da Assinatura das Coisas – 12.1. O Mistério da Morte de Cristo

CAPÍTULO DÉCIMO SEGUNDO

DAS SETE FORMAS NO REINO DA MÃE;
COMO A SÉTIMA FORMA, SOLAR, É REVIVIFICADA, À IMAGEM DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Resumo: — O mistério da morte de Cristo: operações da natureza divina e da natureza humana n'Ele — Como essas operações devem ocorrer também em nós — Relações entre Adão, Jesus e o pecador — Plano geral do caminhar da humanidade — Indicações analógicas sobre a Grande Obra mineral

  1. Se Cristo morreu segundo a sua natureza humana, não devemos pensar que morreu também segundo a sua alma e muito menos segundo a sua essência divina ou tintura celeste. Foi somente o eu, a vontade própria, as forças naturais, o regime externo, reinante anteriormente no ser humano e desobediente a Deus, que Ele recolocou nas mãos do Pai no grande mistério.
  2. Isto não quer dizer que tudo foi destruído, mas quer dizer que só o Espírito de Deus deveria ser a vida dele, só o poder divino devia agir em Cristo; foi por isso que Deus resolveu que o último julgamento fosse realizado por Jesus.
  3. Tudo é efetuado, não pelo que há de criatural em Cristo, mas por Deus, agindo na criatura que é a sua imagem, por meio do Espírito eterno dos três princípios, que é a vida de todas as essências, em cada coisa, de acordo com a sua propriedade.
  4. Quando Cristo morreu na cruz, não foi o nome de Jesus, Verbo pronunciado do Amor, forma divina, tingindo a alma, que a morte quebrou: não, isso não pode acontecer; a eternidade não morre; é o Verbo pronunciado que reside no desejo da pronunciação, o seu fiat, que se transforma em si mesmo e que o seu desejo próprio conduz a uma outra forma diferente daquela à qual o Verbo pronunciante a destinara. Foi o que fizeram Lúcifer e Adão ao passarem do abandono à propriedade: o operário queria ser o senhor.
  5. Morreu a vida exterior operante e sensível; ela não se tornou num nada, mas ela caiu no Nada, na vontade e na operação divinas, totalmente fora da vontade exterior, que é boa e má; não era mais a constelação no meio dos quatro elementos, mas a natureza do Pai eterno no puro elemento divino.
  6. A vida humana regressou ao paraíso de onde Adão a tirou, como diz Cristo ao bom ladrão (Lucas, 23,43). Esta vida, caída na morte de Adão, verdejou lá, como a planta emerge da semente, na força do Verbo falante, regressado pela graça à essência celeste do ser humano, e penetrando no centro anímico, no meio da carne, para transformar a Cólera em Amor e tingir novamente o sangue corrompido.
  7. A tintura divina, o sol divino, entrou na tintura e no sol humanos, na noite e no sono de Adão; Deus entrou pelo nome de Jesus na humanidade, na pessoa de Cristo, no meio da morte adâmica.
  8. Adão morreu à sua egoidade ao mesmo tempo que Cristo; foi o nome de Jesus que esmagou a serpente dentro de nós; Cristo entrou na imagem de Adão, que foi assim, pela humanidade de Jesus, o vencedor da serpente; não era a mesma criatura, mas a mesma qualidade anímica e corporal.
  9. O primeiro Adão caiu no sono e na morte para o mundo divino; o segundo Adão aprisionou a morte; ele matou a morte e conduziu a vida para a liberdade eterna, ele permaneceu, pelo poder divino, na essência do primeiro Adão; foi o espírito de Deus, através do Verbo falante, que fez sair Adão da morte na humanidade de Cristo. Assim, todos os filhos de Adão participam do reino de Cristo e estão compreendidos n'Ele, na sua carne, na sua alma e no seu espírito; mas cada um conserva a sua forma criatural na morte de Cristo. Cada um é um ramo, mas só há um tronco que é Cristo em Adão e Adão em Cristo, o mesmo para todos os cristãos.
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