Da Assinatura das Coisas – 10.6. Os Planetas e a Cura Interior

  1. É assim com a obra filosófica; o artista deve procurar o filho pródigo, que fugiu para longe da sua mãe e que entra no centro saturnino, porque a fúria de Deus o encerrou na impressão mortal; ele não se tornou, porém, num Saturno, mas está encerrado na morte de Saturno.
  2. O Anjo tem que descer até Maria para anunciar-lhe que ela gerará um filho que se chamará Jesus, por meio do qual o novo filho despertará no velho ser humano, prisioneiro da cólera. O nome de Jesus, indo primeiro a Saturno, atrai a vontade do seu prisioneiro, e apresenta-lhe a Esposa adornada com a coroa de pérolas.
  3. Se o rebelde a receber, o artista pode então realizar o seu empreendimento.
  4. O esposo tem que ser tentado, porque tem que se tornar no cavaleiro que destruirá o castelo diabólico nos sete reinos; quando o tentador se aproximar, o esposo reentrará na sua mãe e, abandonando completamente a sua vontade, regressará ao Nada.
  5. O Artista então acredita que perdeu o céu, porque não vê que uma virgem gerou de novo; mas que seja paciente; aquilo que é impossível para ele, para a Natureza é possível; quando o Tentador esgotou os seus recursos, os Anjos expulsaram-no.
  6. Imediatamente, o Artista deve apresentar a esposa ao esposo; ele agora é o médico dos seus irmãos e irmãs na casa da Sua mãe, e fará grandes milagres nos sete reinos da Vida.
  7. Em Saturno, ele dará vida aos mortos; porque a Virgem colocou a sua vontade no Amor; ele pode ressuscitar a forma na qual a sua Mãe o gerou, abrasando-a com o fogo do amor; isto acontece no Enxofre saturnino, na propriedade do esposo.
  8. - 68. Ele pode também fazer milagres no outro reino da sua Mãe, que é o da Lua, porque Jesus satisfez cinco mil seres humanos com cinco pães de cevada, operando sobre a corporalidade. Na propriedade lunar, o Esposo abre o paraíso com a sua virgem e alimenta o corpo que ainda não recebeu a influência do Mercúrio exterior. O artista acredita então que está muito perto do paraíso, mas ainda tem um longo caminho a percorrer.
  1. Na terceira, Júpiter, Jesus instruiu os ignorantes, fez Apóstolos dos prevaricadores, e elevou pessoas simples, as mulheres e as crianças amadas por Deus, que compreendiam, em si mesmas, o universal.
  2. Assim é na obra filosófica: a essência morta, na qual o Mercúrio é inteiramente terrestre, frio e sem virtude, retoma uma nova vida, que surpreende e deleita o Artista. Ele vê verdejar a virtude divina numa essência meio morta na maldição de Deus, ele contempla os quatro elementos e a alegria da Sabedoria; ele vê o arco-íris multicolorido sobre o qual Cristo está sentado para julgar o Mercúrio pronunciado.
  3. Este é o entendimento divino do Júpiter celeste pelo qual Cristo tornou os simples em prudentes e sábios.
  4. No quarto reino da mãe das essências, que é Mercúrio na roda natural da vida, Cristo curou os surdos, os mudos e os leprosos. Todas essas doenças provêm da água saturniana no Mercúrio, com a qual Cristo curava o veneno na forma do Esposo e da Virgem.
  5. O artista verá como se pode separar filosoficamente a terra do céu, e fazer o céu descer à terra, como o Mercúrio limpa a matéria, e como as cores e o antimónio aparecem nesta propriedade.
  6. No quinto reino, que é Marte, Cristo expulsou o diabo do corpo dos possessos: na obra, o Artista verá Júpiter expulsar no Mercúrio um vapor ígneo enegrecido e que se conglomerará para cima; é um desejo venenoso do Mercúrio que surge da propriedade do diabo.
  7. No sexto reino, o de Vénus, Cristo exerceu o amor pela humanidade; lavou os pés dos seus discípulos, devotando-se a eles na fúria; manifestou-se no meio do povo, mas este, não querendo reconhecê-lo, gritou: "Não temos nenhum rei senão César”, amarrou-o, feriu-o, despojou-o e crucificou-o.
  8. Logo que sai da matéria o vapor ígneo escuro, que é o Diabo, Vénus aparece na sua virgindade gloriosa; o artista, portanto, recebe uma mulher em vez do filho esperado; este filho, em adornos reais, não governa um reino exterior, mas apenas quer dominar o poder ígneo venenoso de Saturno, de Marte e de Mercúrio.
  9. Saturno é representado pelo poder terrestre, Mercúrio pelo poder espiritual dos Fariseus, e Marte significa o Diabo. Nenhum destes três quis suportar o filho de Deus, rei de amor, pensando que ele destruiria o reino deles, sem oferecer aos sacerdotes a glória e as dignidades do mundo.
  10. - 79. Da mesma forma, quando Vénus se manifesta pelo amor nessas três formas furiosas, elas não podem suportá-la e oprimem-na com toda a força do seu veneno.
  1. Mas Vénus apoia-se em Júpiter, ou seja no entendimento, e na Lua, ou seja na multidão do povo, devotado a Cristo. Também na obra filosófica, a Lua colabora com Vénus, porque ela não consegue alcançar nem Saturno, nem Mercúrio, nem Marte. Quando vem a fúria, a Lua muda a sua vontade (a sua cor); então, vigiem e rezem com o Crucificado.
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