Da Assinatura das Coisas – 9.5. Cura da Alma

  1. Mas o Diabo ataca continuamente a alma na fúria da Natureza eterna; e esta fúria, queimando o corpo exterior, extingue o amor interno como um ferro em brasa se extingue na água; a alma, que já se tinha entregue à liberdade do nada, volta a entrar no ser humano exterior pecador e perde o sol interior.
  2. Assim, o corpo exterior tem que ter uma cura exterior; embora o ser humano interior viva em Deus, a tintura divina já não está mais no exterior porque a alma imaginou na fúria exterior; não obstante, é preciso que o Mercúrio exterior, ou a palavra pronunciada, seja tingido pelo amor e pela luz exteriores; se a vontade da alma se volta para dentro, a cura pode ser feita no exterior, pelo amor de Deus em direção à Luz. Mas é muito raro nesta terra onde os seres humanos só comem do fruto proibido, enquanto que o veneno da serpente circula neles, na fúria da natureza eterna e exterior; de forma que eles precisam dum remédio contra esse veneno do Mercúrio exterior.
  3. É possível que um ser humano viva sem doença; mas para isso ele tem que saber estender a tintura divina interior até ao exterior; o que é muito difícil, porque o ser humano exterior é continuamente atormentado pela cólera de Deus; o que impede que o amor de Deus permaneça lá; ele habita em si mesmo como a Luz nas Trevas (e as trevas não a compreendem); quando a luz se manifesta nas trevas, a noite é transmutada em dia.
  4. O mesmo se passa com o ser humano; a luz que o faz viver também o cura. Se ele se move no mundo exterior, é preciso que a bondade e o amor exteriores, Júpiter, Vénus e o Sol, o curem; sem eles, ele é dominado por Marte, por um Mercúrio venenoso e por uma Lua terrestre, na impressão saturniana do Enxofre. O ser humano exterior tem então que se corromper e chegar ao nada, ao começo criatural da essência da qual ele saiu com Adão.1

Notas

  1. Ressaltemos novamente: a luta do Amor e da Cólera ocorre em todas as matérias-primas de todos os planos imagináveis: a redenção ocorre em cada um desses planos seguindo o mesmo processo; e o Céu revela-se a cada um deles na medida em que eles conseguem assimilá-lo. [ ↑ ]
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