Da Assinatura das Coisas – 9.3. Das Relações dos Planetas Entre Si
- Mas se Marte está mais próximo de Saturno, se Mercúrio é muito fraco, se Júpiter vem imediatamente depois de Marte, e se Vénus também os influencia, isso é bom. Porque Júpiter e Vénus fazem Marte feliz; daí provêm as plantas quentes e salutares que devem ser empregues para as feridas e todos os acidentes quentes. Elas são rudes e um pouco espinhosas, os galhos, as folhas e os espinhos são sutis, conforme a natureza de Vénus, mas a virtude é misturada com Marte e Júpiter e bem temperada; as flores são castanhas, porque Marte é poderoso.
- O médico não deve dar, à doença quente, Saturno sem Marte; se o fizesse, acenderia a fúria de Marte despertando Mercúrio para a propriedade da morte.
- Marte deve curar todas as doenças marcianas, mas que o médico primeiro suavize o seu remédio marciano com Júpiter e Vénus, para transmutar a fúria em alegria.
- Se ele introduz Saturno sozinho para uma doença marciana, este fica apavorado e cai na propriedade da morte e, como ele é o fogo do corpo, ele desperta imediatamente o Mercúrio na propriedade fria. O médico deve ter cuidado para não administrar para uma doença quente o Marte rude no qual o Mercúrio está totalmente aceso, porque exaltaria ainda mais o fogo do corpo; é preciso primeiro que acalme Marte e Saturno, tornando-os felizes.
- Quanto mais uma erva é quente, melhor ela é para isso; o fogo do amor que se conseguiu preparar nela pode corrigir a doença, porque a um fogo corporal fraco, que se inclina mais para a frieza do que para o veneno mercurial, pertence a cura dum calor sutil onde Vénus é poderosa e tem Marte na seu dependência; Júpiter não deve ser aí muito forte, senão fortalece demais Marte e Mercúrio, de modo que sufoca a vida fraca, levando-a ao veneno mercurial.
- Uma erva que possua a propriedade que acabei de descrever, não cresce muito alta; ela é um pouco rude ao toque, especialmente porque Marte é poderoso nela; ela deve ser aplicada exteriormente, em úlceras, por exemplo, e não internamente, porque quanto mais sutil é o remédio, mais interior é a sua esfera de ação: é o que o médico reconhece no sal. Quando o corpo ainda robusto é infectado por um veneno violento, ele precisa dum remédio energético, desde que Marte e Mercúrio não lhe sejam dados na sua fúria, mas na sua virtude mais poderosa. Júpiter contribui para a transmutação de Marte; mas para ser verdadeiramente bom, ele deve ser introduzido na propriedade do Sol.
- Toda a criatura viva é amorosa e amável se for tratada com benignidade, mas se ofendida, Mercúrio desperta na propriedade venenosa, Marte na amargura e a cólera logo se eleva; este é o fundamento de toda a maldade.
- Se Mercúrio está na propriedade mais próxima de Saturno, depois dele e em ordem, a Lua, Vénus e Júpiter, tudo é terrestre, onde quer que Marte esteja; porque o Mercúrio retido na impressão severa e fria dá um Enxofre terrestre; se Marte se aproxima dele, ele envenena-o; Vénus pode dar a isto um impedimento, apenas terrestre, o que produzirá uma cor esverdeada.
- Mas se é Vénus que está mais próxima de Saturno, se Marte não é maléfico para com a Lua, e se Júpiter é livre, tudo é amável, as ervas tornam-se suaves ao toque e produzem flores brancas; Mercúrio pode aí introduzir uma cor mista segundo a potência do Sol, quer dizer, metade de Marte, avermelhada, e de Júpiter, azulada. A vida da criatura será suave e amável, sem muita elevação; mas se Marte predomina, Vénus tornar-se-á impudica, e a criatura será sutil, branca, mole e feminina.
- Existem três tipos de sais que podem servir para a cura e que pertencem à vida vegetativa: são Júpiter, Marte e Mercúrio; eles são a vida efetiva da qual o Sol é o espírito.
- O sal de Júpiter tem um cheiro bom e um sabor agradável; a sua fonte interior é a liberdade da essência divina, e a sua fonte exterior é a propriedade do Sol e de Vénus; a Natureza exterior consiste no fogo e na angústia, quer dizer, o veneno; e a virtude jupiteriana é contrária a esse veneno, mas ela só pode temperá-lo introduzindo nele o desejo da Suavidade.
- O sal marciano é ardente, amargo e rude; o sal de Mercúrio é ansioso, venenoso, igualmente propenso ao calor e ao frio, porque ele é a vida do Enxofre. Ele adapta-se às propriedades de cada coisa. Se o sal de Júpiter se mistura com ele, resulta daí uma grande força e uma grande virtude; com o sal de Marte, ele produz uma amargura dolorosa e picante; com um sal terrestre de Saturno, ele causa inchaços, a angústia e a morte, a menos que Júpiter e Vénus o contenham. Vénus e Júpiter são contrários a Marte e a Mercúrio; sem estes dois últimos, não haveria vida em Vénus e no Sol.
- O mau é tão útil quanto o bom, e eles geram-se um ao outro. Mas o médico deve ter o cuidado para não inflamar ainda mais o veneno mercurial; deve servir-se bem para a cura dos sais de Marte e Mercúrio, mas deve primeiro reconciliar Mercúrio com Vénus e com Júpiter, para que os três ajam segundo uma única vontade; a cura é então perfeita e o Sol da vida pode reacender-se nesta união, fazendo com o veneno de Mercúrio e o fogo amargo de Marte, um Júpiter alegre.
- Tudo isto deve ser entendido apenas da Alma vegetativa, isto é, do ser humano exterior que vive nos quatro elementos e da propriedade sensível.
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