Da Assinatura das Coisas – 8.2. Da Ação do Mercúrio

  1. Eu mostrarei como o Mercúrio venenoso pode transformar o seu desejo nessa essência eterna e, usando-a como um corpo, unificar o mundo interior e exterior; quando isso for realizado, haverá aí apenas uma única vontade e um único espírito animado por um desejo amoroso; cada espírito se sustentará pelo seu corpo particular; assim, toda a vontade má será reduzida à impotência.
  2. Alegria e dor, amor e ódio, tudo provém da imaginação e do desejo. Do amor livre forma-se o reino da alegria mesmo no meio das angústias da morte; do mesmo modo, quando o desejo se afasta do amor livre em direção à angústia da morte, ele fica impregnado dela e o Mercúrio também mergulha nela.
  3. De forma que se pode dizer, com razão, que não há nenhuma coisa tão má que não contenha em si alguma bondade, embora a maldade não seja capaz de produzir a benignidade. No mais venenoso Mercúrio pode encontra-se a Sublime Pérola; e ele manifesta-a por si mesmo, transmutando-se, como podemos ver na terra, no seio da qual ele busca a Pérola, produzindo o ouro e os metais segundo o Enxofre que existe em cada lugar.
  4. A terra esconde uma luta contínua: a eternidade trabalha nela para se livrar, pelo tempo, da vaidade; para isso, ela entrega-se ao Mercúrio, seu arquiteto, ele recebe-a com alegria e corporifica esse desejo livre; tal é a efervescência, tal é o metal que a terra produz, tudo segundo a propriedade de alguma das sete formas da Natureza que domina nesse lugar.
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