Da Assinatura das Coisas – 8.1. Do Óleo e da Água

CAPÍTULO OITAVO

DO BORBULHAR SULFUROSO DA TERRA
DA EVOLUÇÃO DA TERRA E DA SEPARAÇÃO DAS ESPÉCIES
UMA PORTA ABRE-SE AQUI À SAGACIDADE DOS PESQUISADORES

Resumo: — O Visível e o Invisível; o Óleo e a Água — Da cura do ser humano caído — Da ação do Mercúrio — Da medicina — Os planetas e a sua assinatura — Da regeneração

  1. Que o leitor considere simplesmente o que eu escrevi acima sobre o centro gerador das essências; e essa meditação será de grande proveito para ele. Tudo o que é corporificado, seja espiritualmente ou seja materialmente, consiste numa propriedade sulfurosa que é igualmente espiritual ou material.
  2. Porque todas as coisas provêm do espírito eterno, do qual elas são as imagens. A essência invisível, que é Deus, introduziu-se, pelo seu próprio desejo, numa essência visível e manifestou-se no tempo: o qual nada mais é do que o seu instrumento.
  3. Assim, todas as coisas estão compreendidas no Número, no Peso e na Medida segundo a geração eterna; e Deus confiou, à realização da sua grande obra, a Alma do grande mundo, na qual todas as coisas repousam;1 ele colocou a razão como Sua imagem para dirigir aquela Alma; essa razão chama-se o regime próprio de Deus,
  4. Todas as coisas estão contidas no corpo sulfuroso; o Mercúrio é a vida do Enxofre, e o Sal é a impressão dele pela qual o espírito se dá a conhecer numa essência compreensível. A propriedade do Mercúrio está no Enxofre como a fervura da água; o Enxofre é essa água da qual ele gera duas formas, uma oleosa viva, saída da liberdade divina, e a outra mortal, saída do fogo da efervescência salítrica.
  5. A forma oleosa encontra-se nas pedras, nos metais, nas árvores, nos animais e nos seres humanos; a forma nova está nos quatro elementos, dos quais o espírito vital é o óleo; essa forma oleosa é a luz dos elementos, que gera a sua vida vegetativa.
  6. A propriedade oleosa só exerce a sua faculdade vivificadora quando é comprimida na angústia da morte: essa angústia move-a e exalta-a; e é fugindo dela que ela se escapa para fora, criando assim a vida vegetativa.
  7. Assim, a morte é uma causa da vida; aí, o Mercúrio é mau; é então chamado de vida do inferno e da cólera de Deus; na propriedade oleosa, ele é bom, pelo poder da suavidade e da liberdade divina; ele é o arquiteto da alma do grande mundo; ele distingue os graus da vida vegetativa, o vivo do morto, a essência celeste da essência mortal, e ordena o duplo reino: o bom, no óleo luminoso e celeste, e o mau, nas trevas.
  8. Esses dois reinos estão misturados um no outro e combatem entre si perpetuamente, como uma água que o fogo faz ferver. A luz é a morte das trevas; nela, a angústia perde o seu poder e transforma-se numa exaltação jubilosa; a suavidade é um silêncio movido pelo borbulhar da Angústia. Quando a morte supera o óleo, ela transforma-o numa fonte venenosa, quer dizer, num espírito e num corpo inteiramente terrestres, como aconteceu com Adão quando imaginou no mal.
  9. No entanto, não devemos dizer que a propriedade oleosa se torna por si mesma num borbulhar venenoso; é o Mercúrio, a vida ígnea, que a leva à angústia, corrompendo a essência temporal; por outras palavras, o Mercúrio sai da essência oleosa interior: esta permanece imutável enquanto o espírito do tempo se separa do espírito da eternidade; esses dois espíritos permanecem numa essência, mas sem se alcançarem ou se diminuírem mutuamente. Adão e Eva morreram da seguinte forma: o Mercúrio da alma saiu da essência da Eternidade ao imaginar na essência do tempo, Fonte da angústia; assim, a essência da eternidade perdeu aquele condutor que Cristo mais tarde restaurou através do Verbo divino. Nós vemos que essa essência está enterrada no Mercúrio angustiado, como na morte.

Notas

  1. É o entendimento ou a razão universal. [  ]
[ Anterior ] [ Índice do Livro ] [ Seguinte ]

Início » Textos » Assinatura das Coisas » 8.1. Do Óleo e da Água