Da Assinatura das Coisas – 7.4. A Semente da Mulher

  1. Porque a propriedade terrestre da serpente se despertou no ser humano: foi por isso que, quando o Verbo de Deus se compadeceu da miséria do ser humano, lhe disse: A semente da mulher esmagará a cabeça da serpente e tu (entendam o veneno da serpente) vais morder-lhe o calcanhar.
  2. Nisto reside o segredo da pedra dos sábios.1 O esmagar da cabeça do réptil é feita em espírito e em essência, no tempo e na eternidade. A picada da serpente é a cólera ígnea de Deus, e a semente da Mulher é o amor de Deus que deve brilhar na cólera, tirar-lhe o seu poder e restabelecê-la na alegria divina; então, a alma morta, enterrada na maldição, ressurge quando o Mercúrio venenoso está impregnado pelo amor. A angústia da morte mercurial torna-se numa alegria sublime e num desejo amoroso, e do corpo terrestre nasce um corpo celeste. Quando o Mercúrio é introduzido numa efervescência celeste, ele não deseja mais a vida terrestre, mas o elemento único no qual estão escondidos e engolidos os outros quatro, ainda não manifestados. Assim, Deus habita no tempo, e o tempo não o compreende, a menos que ele seja engolido pela eternidade e que a luz divina ilumine novamente o seu tormento.
  3. As pesquisas dos sábios seguem a mesma ordem. Assim como a palavra eterna, que é o Mercúrio celeste, se encarnou na virtude divina, matou a morte e ascendeu na alegria divina, o Mercúrio humano, uma vez preso na cólera de Deus, no fervilhar da morte, torna-se atrativo pelo seu desejo que se tornou numa fé no Espírito Santo; ele gera Cristo em si mesmo e eleva-se até à luz divina acima da cólera de Deus, da qual esmaga a cabeça; antes a cólera dominava, mas na luz ela torna-se serva.
  4. Meditem sobre todas estas coisas, filhos dos sábios, não façam como os de Babel, que acreditam possuir a pedra e que só guardam calhaus onde jazem o veneno e a morte; eles têm apenas palavras e não a virtude.

Notas

  1. O mesmo par de forças opostas é refratado em todos os planos e em todas as criaturas. Cada um se manifesta por sua vez, enquanto que o outro se oculta; para que essa luta seja resolvida em qualquer plano, é preciso que a vida, o mercúrio, de um plano superior análogo, venha para satisfazer a fome da força egoísta. No eu humano não há Mercúrio que lhe seja superior, exceto o do Céu; é necessário, portanto, que a vida celeste, ou seja, Cristo, venha, em nós, para que saiamos do inferno onde estamos. O verdadeiro alquimista faz pela matéria mineral o que Jesus Cristo faz pela nossa alma. [  ]
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