Da Assinatura das Coisas – 7.3. Do Óleo

  1. O óleo divino dos nossos primeiros pais foi corrompido, porque a maldição havia penetrado até à alma: Ora, a maldição de Deus é uma retirada; quando a virtude divina encarnada neles retornou ao seu princípio, o óleo santo onde ela habitava tornou-se num veneno; o resíduo cagástrico terrestre da mortificação do fogo afirmou-se então, e o mercúrio frio da forma mortal, anteriormente escondido no mercúrio celeste (a virtude divina), toma o lugar deste último. Assim, Adão morre para Deus, para reviver na morte; e a serpente foi amaldiçoada por ter obedecido ao diabo.
  2. O que está escondido na grande angústia, ou Mercúrio, é um óleo que cura todas as doenças, tingindo-as, desde que o veneno frio, a efervescência da morte, seja transportado no fogo que deseja a luz: porque Deus primeiro criou as coisas boas, mas a sua partida tornou-as más.
  3. Quando o desejo amoroso de Deus residia no fervilhar do mundo exterior e o penetrava como o sol, a água e o fogo, o ferro, — o mundo exterior era um paraíso, e a essência divina verdejava pelo terrestre, e a vida eterna subsistia dentro da mortal. Mas quando Deus amaldiçoou este mundo por causa do ser humano, o mortal manifestou-se nas criaturas, enquanto que antes ele só estava contido naquela árvore do conhecimento do bem e do mal, que tentou Adão e Eva, quando o desejo deles escolheu entre a eternidade e o tempo, entre o óleo vivo e a morte.
  4. Assim, o corpo celeste foi, e ainda permanece, preso pela maldição divina, enquanto que o fervilhar da cólera tem curso livre. Mas como o ser humano eterno tinha sido vivificado pelo Mercúrio eterno, isto é, pela palavra da virtude divina, ninguém poderia vencer a morte nem quebrar o veneno do Mercúrio, exceto a virtude do próprio Verbo da vida.
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