Da Assinatura das Coisas – 4.3. A Ação do Enxofre, do Mercúrio e do Sal na sua Geração

  1. Aquilo que provém do desejo da Liberdade reside, pela sua raiz, numa propriedade celeste, e pelo seu corpo, numa propriedade terrestre: o eterno reside no tempo e manifesta-se através dele. O Enxofre é, no interior, celeste, e segundo o corpo, terrestre: não obstante, produz uma semelhança celeste a partir do eterno, como pode ser visto no ouro e ainda melhor no corpo do ser humano se este não tivesse sido corrompido pela cupidez de Mercúrio. Porque o ser humano espiritual celeste está no Enxofre, e o corporal está no Mercúrio; a propriedade metálica é também a mais nobre do Enxofre.
  2. No mundo celeste, há também uma propriedade que provém da efervescência da Liberdade, quando o seu desejo se acende no reino alegre: isto acontece para o Enxofre celeste quando ele se torna essência no Mercúrio celeste, pelo Verbo; mas se esta deseja manifestar-se, a imagem do espírito e da essência, segundo a Trindade divina, segundo a Essência mortal e imortal, ela imprime-se nos Astros, nos Elementos e, finalmente, no ser humano, imagem viva de toda a Essência nos mundos divino e exterior. Os metais também são uma imagem mortal da essência viva e celeste do mundo interior.
  3. O Enxofre é o começo, porque o Enxo (Sul) é o prazer livre da Luz, desejoso de se manifestar através do Fogo; e o Fre (Fur) é a fonte do desejo atrativo que produz a propriedade terrestre e tenebrosa e a severidade do espírito, a saber, a essência ígnea. Nesta severidade reside ♄ (Saturno), aquilo que é impresso, ☿ (Mercúrio), apetite cúpido e ♂ (Marte), fúria da fome, causa da Cólera: estes três pertencem ao Fre (Fur), propriedade do desejo livre.
  4. Esta propriedade gera a Essência em ♄ (Saturno), ☿ (Mercúrio) e ♂ (Marte), porque ela se dá a si própria em cada propriedade, e faz-lhes uma forma corporal. Mas se o desejo livre também se torna numa fome, ele também modela três formas: ♃ (Júpiter), fonte do desejo, ♀ (Vénus), desejo do desejo e ☽ (Lua), corpo do desejo, enquanto que o Sol é produzido segundo a Propriedade da Luz. Tudo isto é Espírito; e cada Espírito converte-se em Essência pela fome: essência fixa e variável, mortal e imortal, celeste e terrestre.
  5. Na propriedade saturniana, o desejo de prazer livre faz o chumbo, segundo a propriedade do mesmo ♄ (Saturno), segundo a água de ♄ (Saturno) ele produz o sal, e segundo a terra de ♄ (Saturno) ele produz as pedras e a terra.
  6. Mas a liberdade, agindo em ♄ (Saturno), de acordo com o seu modo particular, produz lá o ouro; o espírito e o corpo separam-se lá: o espírito do desejo é sol, e o corpo é ouro, entenda o ouro em Saturno segundo a propriedade do Desejo livre e não segundo a terrestralidade e salinidade do Chumbo. O desejo saturniano encerra esta criança dourada dentro de si, não na sua forma cinzenta, mas num brilho escuro; é um grande Senhor, não por si mesmo, mas pela criança que carrega dentro de si. Ele não é o seu pai, mas ele cobre-o com o seu manto negro, para que Mercúrio, que trabalha a criança, não receba dele a alegria; ele é o seu Fiat ou Criador; ele não pode dar-lhe um corpo diferente da sua propriedade, porque ele constitui a essência do desejo livre (o corpo de ouro) que atingiu o mais alto grau de corporalidade na morte fixa; porém, ele não é a morte, mas um encerramento representativo da essência divina celeste.
  7. O Mercúrio é o Arquiteto desta criança que Saturno cobre, ele engole-o e amassa-o de acordo com a sua fome ígnea e despoja-o do manto negro; ele precisa do sol (a sua esposa) para ser saciado; em seguida, ele trabalha na criança com o seu fogo e realiza o seu desejo satisfeito pela propriedade do sol, do qual ele acabou de se alimentar; ele sustenta a criança até que ela assimile os quatro elementos e os astros. Então, o Pai dá-lhe a Alma como espírito ígneo; e a sua primeira Mãe que satisfez a fome de Mercúrio como Espírito da alma, ou vida luminosa; a morte é expulsa nesse instante; a Tintura é produzida, a criança daí em diante nasce; ele é individualizado logo em seguida e torna-se melhor do que o seu Pai, mas não do que a sua Mãe, na semente da qual ele estava antes do seu Pai operar. Ele quebra a essência ígnea do seu Pai, que é a cabeça da serpente e passa pela morte do Fogo. Se tu não entendes isto, não nasceste para conceber as sublimidades da ciência espagírica.1

Notas

  1. Todo este processo pode ser adaptado à astrologia divinatória, como estudo dos temperamentos; à alquimia mística, como psicologia; à mineralogia oculta; e em todos os casos em que se trata da germinação, do nascimento e da maturação de qualquer força. [  ]
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