Da Assinatura das Coisas – 1.2. As Três Formas da Natureza

  1. O ser humano tem efetivamente em si todas as formas dos três mundos, porque ele é uma imagem completa de Deus ou da Essência das essências; é durante a sua gestação que ele é ordenado; há nele três arquitetos,1 que são o triplo FIAT dos três mundos e que lutam para possuir a sua forma; um dos três obtém o Regime soberano,2 e recebe-o na ESSÊNCIA, desta forma o instrumento afina-se na sua triplicidade.
  2. Logo que o ser humano nasce, o seu Espírito faz vibrar esse instrumento; então a forma espiritual é verbalizada, e age para fora quer para o bem quer para o mal, porque da mesma forma que uma viola ressoa, os sentidos saem da ESSÊNCIA da alma e com eles a vontade com os seus gestos; assim se explica as diferenças dos caracteres entre os filhos dos mesmos pais.
  3. É preciso, em seguida, notar que, apesar dum FIAT ter o Reino soberano e modele a forma segundo ele, os outros dois acompanham-no desde que o seu INSTRUMENTO vibre; é assim que um ser humano ou um animal, apesar de naturalmente inclinados para o bem ou para o mal, decidem pelo bem ou pelo mal, contra a sua tendência pessoal, quando sofrem uma reação externa suficientemente forte; e o maldoso muitas vezes degrada a sua aparência externa ainda mais quando a sua compleição interna é agitada; é o que acontece quando um Bondoso move esse INSTRUMENTO interno com o seu desejo de caridade; ou, ao contrário, quando o Maldoso age pela sua força colérica sobre a compleição interna do Bondoso, a cólera desperta neste último.
  4. Assim como as formas da vida são FIGURADAS3 pelo FIAT4 durante a gestação, da mesma forma, o espírito natural toma forma: porque ele emana da ESSÊNCIA de todos os três princípios e exala uma vontade igualmente semelhante.

Notas

  1. Encontraremos a ação destes três arquitetos na apresentação dos desenvolvimentos da embriogénese: os três folhetos do embrião fornecem as três partes do organismo e servem de local para a habitação das três almas de Platão. [  ]
  2. É preciso explicar aqui que os três Fiats de que fala Boehme são o da Luz, o das Trevas e o do Mundo, sendo este último uma mistura dos dois primeiros. Os três centros do ser humano pertencem ao último, ao Fiat do terceiro princípio, no entanto cada um deles tem o caráter marcado de um dos três Fiats. Pelo contrário, o centro instintivo, o centro anímico e o centro intelectual de Fabre d'Olivet não são, de forma nenhuma, os centros de Boehme: cada autor tem o seu ponto de vista. (Ver PAPUS, Tratado Elementar de Ciências Ocultas) [  ]
  3. A FIGURA é a forma. [  ]
  4. O FIAT é o verbo criador. [  ]
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