Da Assinatura das Coisas – 1.1. A Assinatura

DA ASSINATURA DAS COISAS
OU
DA GERAÇÃO E DA DEFINIÇÃO DE TODOS OS SERES

CAPÍTULO UM

O QUE SE DIZ DE DEUS, SEM O CONHECIMENTO DA ASSINATURA, É MUDO E INSIGNIFICANTE
NO COMPOSTO HUMANO ENCONTRA-SE A ASSINATURA SEGUNDO O SER DE TODOS OS SERES

Resumo: — A assinatura. — As três formas da Natureza. — Os três princípios.

  1. Todas as palavras, todos os escritos e todos os ensinamentos sobre Deus são sem valor se o conhecimento da assinatura não estiver contido neles: porque, nesse caso, só vem de histórias e de boatos, nos quais o Espírito está mudo; mas se o Espírito revela a assinatura, então ouvimos e entendemos que o Espírito se manifesta a partir da Essência, pelo PRINCÍPIO, no som e com a voz.1
  2. Porque apesar de eu ouvir falar, ensinar ou pregar, e apesar de eu ler, não compreendo nem assimilo completamente esses discursos, nem essas leituras, se o Espírito delas, emergindo da sua assinatura formal, não entrar no meu Espírito e nele se imprimir; mas se isso acontecer, tenho então uma base sólida, visual ou auditiva: quando temos o badalo, podemos tocar o sino.2
  3. Assim, vemos que todas as faculdades humanas vêm de uma única Raiz e de uma única mãe: se não fosse assim, um ser humano não seria capaz de compreender a palavra dum outro ser humano.
  4. Porque é pela palavra que uma forma desperta uma outra forma, segundo o seu princípio particular.3 Nós entendemos dando ao espírito uma forma, por intermédio da qual podemos compreender os outros seres humanos e despertar neles formas de ASSINATURAS semelhantes; os dois movimentos INQUALIFICAM então um no outro, e então não há mais do que uma única compreensão, uma Vontade, um Espírito e um Entendimento.
  5. Em segundo lugar, dizemos que a ASSINATURA, ou forma, não é o Espírito, mas o corpo do Espírito, assim como uma viola que, se não for tocada e não for posta a vibrar, não produzirá nenhum som; a Natureza formal, ou assinatura, é apenas uma Essência muda, uma viola afinada com precisão, que, sob os dedos hábeis do Espírito da vontade, produzirá harmonias maravilhosas, segundo a propriedade das cordas dedilhadas.
  6. Na alma humana jaz a ASSINATURA, segundo a Essência das Essências; ao ser humano só falta o Artista habilidoso que consiga fazê-la reproduzir melodias requintadas: o verdadeiro Espírito do Poder eterno altíssimo; e quando Ele se eleva no ser humano, e que o move no Centro,4 então ele toca o INSTRUMENTO5 da forma humana: e a forma sai pela boca com a palavra.6 O ser humano interior surge manifestado no som da palavra, é assim que a alma toma naturalmente consciência de si própria.

Notas

  1. Sempre que um livro iniciático fala do som e da voz, está a referir-se ao Filho do Deus vivo. Assim, o quinário: Princípio, Essência, Espírito, Som, Voz, corresponde à escala exotérica dos Tattvas do Ioga; no Ocidente, o Verbo toma a forma do Cordeiro; no Oriente, toma a forma do Touro; veja o mito de Xiva, que é Ishvara ou o Grande Deus, Mahadeva. Ver sobre este assunto o Alfabeto Pentagramático da Geometria Qualitativa. [  ]
  2. Um Princípio é o Pai incognoscível em estado latente, é o começo do mundo.
    A Essência é a mãe da ipseidade, é como um espelho, o primeiro onde se reflete o Fogo princípio, a raiz da vida de uma coisa.
    Chamamos de Espírito a qualquer movimento de vai-e-vem que transmite as suas qualidades à natureza dos seus dois termos.
    O Som é um espírito congelado; é o que se chama, numa certa escola, a cauda do dragão.
    E, finalmente, a Voz é um som individualizado.
    Veja no Sânquia e no Mimamsa uma teoria das impressões sensoriais. [  ]
  3. É o mecanismo da Conjugação do subjetivo e do objetivo que resulta no Conhecimento: deve-se notar que isto ocorre no cérebro do ser humano sidérico, antes de chegar ao cérebro consciente. [  ]
  4. O CENTRO de uma coisa é o seu fundo mais interior, o meio, o coração; é o Espírito da coisa, é o lugar da pedra dos sábios. [  ]
  5. O instrumento aqui são as faculdades da consciência e de expressão. [  ]
  6. Esta é a palavra viva dum ser humano regenerado. [  ]
[ Anterior ] [ Índice do Livro ] [ Seguinte ]

Início » Textos » Assinatura das Coisas » 1.1. A Assinatura