Da Assinatura das Coisas – Introdução de Sédir

Prefácio

A Divindade usou apenas um caráter para dar a cada uma das criaturas o seu signo, a sua figura e a sua forma, para que apareçam como tantos milagres do Mistério celeste ou terrestre. Este caráter é a cruz universal que se estende através de todos os três princípios nas esferas e nos turbilhões da Natureza. Tal é a ideia que se encontra no frontispício desenhado por Gichtel para a Signatura Rerum, e que se desenvolve nos dezesseis capítulos deste livro.

Este livro já foi traduzido uma vez para o francês, por volta de 1660, por um médico, Jean Mandré, que só conseguiu torná-lo um pouco mais ininteligível. Mais presunçoso que L.-C. de Saint-Martin, que teve o cuidado escrupuloso de traduzir literalmente as idéias do "seu caríssimo Boehme", eu acredito que suprimindo repetições, podando os períodos, acrescentando argumentos, o leitor moderno que não dispõe de muito tempo poderá compreender melhor o significado destes textos profundos.

Além disso, Boehme nunca afirmou registar coisas novas; tudo o que ele diz se encontra nas Escrituras e na escola da Natureza. Portanto, para compreendê-lo, é necessário realizar a verdadeira religião: imitar e seguir Jesus nos seus sofrimentos e na sua morte, para reviver com ele. É precisamente esse processo de regeneração simultânea da alma e do mineral que este livro descreve, servindo-se da terminologia alquímica. Quero tentar dar uma tradução mais concisa, livre das repetições que abundam nas obras de Boehme por causa da insuficiência da sua cultura literária; tomei a liberdade de colocar algumas notas no fundo das páginas para os interessados na arqueologia esotérica.

SÉDIR

FEVEREIRO DE 1894

[ Anterior ] [ Índice do Livro ] [ Seguinte ]

Início » Textos » Assinatura das Coisas » Introdução de Sédir