Teosofia Prática – Das riquezas terrestres

  1. A razão cega dirige-se nestes termos à Vontade própria:
    Se todos os seres humanos seguissem as pegadas de Cristo, e o seguissem uniformemente, o Mundo não poderia mais existir, porque não haveria mais comida.
  2. Mas, cara razão, seiscentos mil homens, sem contar mulheres e crianças, saíram do Egito;
    no entanto, não lhes faltou comida.1
    Os primeiros cristãos venderam os seus campos e colocaram tudo em comunidade:
    e Jerusalém permaneceu de pé.
  3. Será dito à Vontade própria que ela deve ter como se não tivesse;
    e se Deus lhe enviar riquezas, que ela não as tranque dentro dos seus cofres, dizendo: Esta propriedade é minha e dos meus filhos, viverei dela, farei dela o que eu quiser, e deixarei estes tesouros para os meus filhos.
  4. Mas ela deve dizer:
    Senhor, esta propriedade é tua e dos teus pobres filhos;
    Eu ta ofereço de novo, e ela deverá deixar os pobres apanharem as migalhas que caem da mesa;
    é assim que os pobres poderão andar, sem preocupações e com seriedade, no serviço espiritual de Deus e na oração, e fazer descer as bênçãos sobre as cabeças dos doadores caridosos.
  5. Cristo, e os seus ensinamentos, de forma alguma fazem com que os ricos se tornem pobres, que os alimentos faltem e que o mundo abane;
    és tu, razão cega, a única causa do mal, invertendo os preceitos claros das lições de Cristo para fortaleceres os desejos pessoais.

Notas

  1. O livro bíblico do Êxodo descreve o maná como um alimento produzido milagrosamente, sendo fornecido por Deus ao povo Israelita liderado por Moisés, durante toda a sua estada no deserto rumo à terra prometida. Segundo o Êxodo, após a evaporação do orvalho formado durante a madrugada, aparecia uma coisa miúda, flocosa, como a geada, branca, descrita como uma semente de coentro, que lembrava pequenas pérolas. Geralmente era moído, cozido e assado, sendo transformado em bolos. Diz-se que o seu sabor lembrava bolo de mel. Ainda segundo a Bíblia, o maná era enviado diariamente e não podia ser armazenado para outro dia. Também não era fornecido aos sábados; por isto, Deus enviava uma quantidade maior às sextas-feiras, e neste caso o maná podia ser guardado para o sábado sem se deteriorar. [  ]
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