Da Assinatura das Coisas – Anexo 6 - Vocabulário da Terminologia

VOCABULÁRIO DA TERMINOLOGIA

de Jacob Boehme

O pequeno trabalho que vamos ler não é um léxico completo dos termos usados pelo famoso teofilósofo teutónico. Eu quis simplesmente resumir em poucas linhas para cada palavra o significado que deve ser atribuído às expressões raras, desconhecidas ou inusitadas que abundam na densa obra deste grande iluminado. Portanto, não encontraremos aqui uma exposição do seu sistema, mas uma simples ferramenta de trabalho para quem quiser dar-se ao trabalho de estudá-lo; trata-se duma tentativa de remediar essa exuberância de palavras e imagens que, juntamente com o arcaísmo da linguagem, desencorajam, em França, muitos espíritos capazes de compreender esta majestosa síntese.

A

A. Na linguagem da natureza, esta letra representa o desejo da vontade eterna que tende a sair de si mesma para manifestar qualquer coisa; ela não tem qualidades e contém todas elas.

Abismo. Residência da unidade divina, o Nada eterno, isto é, aquilo que não é uma coisa particular.

Adonai. Aqui está ao que este nome hieroglífico corresponde:

AD
Pai
Vontade
IE
O
Filho
Desejo
HO
N
Espírito
Ciência
VAH
A
Poder
Palavra
Vida
I
Cores
Sabedoria
Virtude

É o movimento próprio da eterna e insondável unidade.

Alma. A alma do ser humano é, segundo Boehme, o fogo central eterno da vontade própria: é, portanto, o primeiro princípio; ela é o resumo dos três mundos, possui no espiritual as sete formas da natureza, ela é imortal e superior aos anjos. O espírito da alma é a luz central ou Templo de Deus. A alma tem um corpo no mundo da luz, é o Elemento puro; ela tem um corpo astral segundo o Spiritus Mundi, e um corpo físico. Ela está localizada no coração; o cérebro é o seu órgão, a Tintura do corpo é o seu corpo; o sangue é a sua casa.

Alquimia. Boehme só fala dela segundo a sua iluminação. Veja toda a Signatura Rerum.

Amor. É o Coração de Deus, o seu Verbo, os nomes de Jesus e de Jeová; no ser humano é a residência de Deus; na criação é a quinta forma da natureza. É, finalmente, o meio, o objetivo e o processo da nossa regeneração e a do mundo inteiro.

Aquaster. É a matriz do elemento água, que produz o lado feminino nas criaturas; a aquaster celeste é a essência da terra celeste ou do Elemento sagrado.

Archaeus ou Separador. É o Mercúrio ígneo ou o Verbo exteriorizado em todas as coisas, o agente pelo qual os seres são formados; ele determina acima de tudo o espírito das coisas; dele vêm os quatro elementos.

Astral. As virtudes dos corpos sidéricos entrelaçam-se no espaço; aquelas que podem ser combinadas são substancializadas por esta combinação (veja Formas da Natureza, o som) e dão dois produtos: um, o corpo espiritual ou astral, e o outro, o corpo material ou elementar ou físico. Assim, o astral está em toda a parte; o sol é o seu centro gerador; ele próprio é a alma do mundo. O seu ponto de perfeição é o Elemento um, fixo e celeste.

Avidez (Veja Desejo, Formas). É a atração; a sua mãe é a vontade, ela pode ser dupla: na luz ou nas trevas, ela pode vir de Deus ou de uma criatura; em todo caso, ela é um Fiat. A sua ação é saturniana, o seu meio é magnético; o seu objetivo é um nascimento em qualquer mundo que seja.

C

Cagastrum. O fogo exterior da geração, o centro da Natureza.

Caos. É sempre um abismo, um Mysterium Magnum. Em Deus, é o próprio Deus como essência das essências; na criação, é o olho da eternidade, o desejo para a natureza, o Verbo falante; é finalmente a raiz da Natureza, ou a sétima forma da geração criatural.

Ceia. O corpo de Cristo está em toda a parte; a ceia evangélica é, portanto, o símbolo da ceia espiritual que se repete cada vez que um ser humano regenerado se alimenta da vontade de Deus, isto é, da carne e do sangue de Cristo. Este corpo sagrado torna-se no novo corpo do discípulo que reveste a sua alma quando ela resiste ao fogo da Cólera; é a alma que come a carne e bebe o sangue de Cristo e que assim fabrica, com a cooperação da Trindade, a Virgem Sofia. A luz espiritual, como a luz material, é um agente de expansão; ao irradiar em torno de si, ela dá ao mesmo tempo aquilo de que é feita, isto é, a sua vida e a sua essência; e como ela se dá indiferentemente a tudo o que a cerca (isto é, segundo a linguagem de Boehme, ao Elemento temperado ou harmonia), ela recupera incessantemente o que dispensa; tomando isto no espiritual, e realizando-o no material, nós chegaremos a compreender o grande mistério da alimentação espiritual. A fé do comungante apodera-se da alma de Cristo, a sua boca interior apodera-se do seu corpo e do seu sangue, a sua boca exterior apodera-se do pão e do vinho.

Centros. Há um centro que é Deus em si mesmo. Quando Deus se propõe a criar, há um primeiro centro que é o seu Verbo, um segundo que é o Verbo pronunciado ou Sabedoria, um terceiro que é o Verbo Fiat. — Os centros da Natureza são as suas sete formas distinguidas em centros ígneos e luminosos. O centro do ser humano é a vida ígnea da alma. Todos os centros contêm a pedra dos Sábios.

Cerimónias exteriores. São, de certa forma, dispositivos mnemotécnicos; quando o Espírito Santo não as vivifica, elas são anticrísticas.

Céu. É o reino da alegria; está entre o paraíso e o inferno, está em toda a parte até ao dia do julgamento. Inclui a Tintura, o Mercúrio ígneo e a Matriz Eterna. Há um céu exterior que é o céu estrelado, e um céu interno que é a sétima forma, o corpo de Deus, o Elemento sagrado; ele produz as plantas e os animais; enfim, ele reverbera na alma do ser humano; mas lá, como em toda a parte, ele é o resultado da expansão do amor.

Ciência. É a vontade eterna saindo do abismo. No amor, é o conhecimento; no fogo, é a ciência diabólica.

Cólera. É aquele, dos três mundos ou dos três princípios, que gera as primeiras quatro formas da Natureza; corresponde a Deus Pai e, portanto, está no centro de todas as criaturas, nas quais combate o amor. No ser humano, é o inferno, o Dragão; alimenta-se do pecado.

Constelação. É o aspecto das estrelas ou melhor, o esquema das influências invisíveis; há uma externa, no Spiritus Mundi, e uma interna, para as almas.

Corpo. Em geral, é a assinatura do espírito. O corpo de Deus é simultaneamente o Santo Ternário, o Elemento puro e este mundo. O corpo do ser humano é filho de toda a natureza; o seu corpo exterior é o Mysterium do 3º princípio; o seu corpo interior novo é o Mysterium do 2º princípio; entre os dois está o corpo sidérico. As outras criaturas deste mundo têm um corpo físico e um corpo astral.

Corpo de Cristo. Composto do mesmo Elemento puro do qual o Sol é feito.

E

Éden. Era, de alguma forma, o Paraíso sobre a terra; antes de Eva, Adão habitava no Paraíso no Céu; depois, ele recebeu o Éden nesta terra: este Éden é, além disso, interpenetrado pelas forças celestes; foi a queda de Lúcifer que determinou o Éden, caso contrário, toda a terra teria sido um paraíso.

Egoísmo, também chamado de Propriedade, Egoidade. É uma imagem do diabo; constitui o tormento dos condenados e é o caminho mais curto do diabo para a nossa alma.

Elemento sagrado. Ele enche o Céu; é a sua corporalidade, a terra; é o corpo da Virgem, o Santo Ternário, o Paraíso, o princípio do corpo de Cristo, o Universal ou a Tintura; ele formava o corpo de Adão. É uma essência espiritual que se coagula em torno do Verbo criador; o movimento da criação divide as suas quatro qualidades. — É assim que é produzido. A vida divina produz a vida angélica, a alma dos anjos; esta alma, ou estas almas, constroem para si corpos, que são como o óleo do qual se alimentam os seus fogos; este óleo produz o Elemento sagrado, e este Elemento contém a terra celeste ou o alimento do Paraíso.

Elementos. Eles têm uma mãe fixa escondida dentro deles, e à qual eles desejam retornar; são produzidos pela ação das quatro primeiras formas da Natureza (veja Formas); eles são habitados por espíritos, e os demónios agem por meio deles; eles são um lugar de combate e, consequentemente, produzem doença e morte; eles são o corpo das coisas, eles escondem o corpo astral, o qual contém a quintessência; esta contém a Tintura onde os dois fogos centrais são conjugados. Acima só há Deus.

Ens. É a vida da sétima forma, sensitiva, vegetante, o Verbo pronunciado, que se pronuncia, se forma e se coagula novamente no crescimento. É o verdejar.

Enxofre. É a segunda forma, ele é universal como o Sal e o Mercúrio; ele é o fogo central agindo nas criaturas à imagem de Deus Pai.

Espírito. Toda a vontade que se exalta produz um espírito; distinguimos o Espírito Santo, o espírito deste mundo e os espíritos de todas as criaturas. O Espírito Santo é o sopro do amor que liga o Pai ao Filho; ele só é compreendido pelo ser humano após a regeneração; ele desce em nós pela mansidão e a humildade, e constrói o seu templo dentro da nossa alma. O Spiritus Mundi é o espírito das estrelas, o astral, a alma do mundo; é a semelhança do Espírito Santo no 3º princípio do qual ele é a vida; ele tende para a Tintura e para o Elemento sagrado. — Finalmente, há espíritos elementares e astrais nas criaturas que não são nem santos nem eternos. Não devem ser confundidos com as essências e com as almas.

Essência. Eis qual é a geração da Essência no mundo divino. (Ver esta palavra.)

A ciência eterna atrai a si a vontade do Pai, constitui um centro no Ternário divino e exprime-a por um verbo. Essa verbalização é uma separação, uma individualização, que deseja conceber-se a si mesma; é esta concepção que é a essência. Este processo repete-se em todos os planos. Consequentemente, o Filho é para si mesmo a sua própria essência; no ser humano, a vontade e o desejo são duas essências eternas, que produzem a vida psíquica; há essências nas estrelas, nos elementos e nos infernos.

Éter. Cada coisa tem o seu éter, isto é, o seu princípio imaginativo, que foi essa coisa antes de receber a sua forma.

Evestrum. Corrente astral de reação provocada por uma alma humana ou outra.

F

Fantasia. Esta é a vontade de todos os centros desejando a vida ígnea. Ela, portanto, pertence aos infernos; Lúcifer é o seu príncipe.

Fiat. É o verbo criador; separa as formas e atua pelo desejo e pela luz essencial.

Fogo. Há uma grande quantidade. O do primeiro princípio é o fogo interno, escuro, frio e colérico ou infernal: está contido na quarta forma da natureza; resulta da angústia em todas as matrizes; é mágico e eterno. O fogo do segundo princípio é a luz e o amor, a quinta forma da natureza; é o fogo do sacrifício; ele transmuta o fogo colérico e regenera o ser humano. O fogo elementar ou do terceiro princípio inclui todos os fogos materiais. Em todos esses fogos habitam criaturas.

Formas da natureza, ou qualidades, ou propriedades, ou rodas são em número de sete; cada uma delas é um apetite e gera as outras seis. A primeira é o desejo atraente que produz a amargura; elas reagem umas sobre as outras e procuram escapar umas às outras, elas geram a ansiedade rotacional. Estas são o Enxofre, o Mercúrio e o Sal; o movimento destas produz o clarão do fogo (4ª) que, quando encontra o seu alimento, produz a luz (5ª); esta ao difundir-se produz o som (6ª) ou a forma compreensível; e todas as seis formam a essência (7ª). Elas correspondem respectivamente ou expressam a ação de Saturno sobre a Lua, de Mercúrio sobre Júpiter, de Marte sobre Vénus, do Sol e de Vénus sobre Marte, de Mercúrio sobre Júpiter e da Lua sobre Saturno. As últimas três formas são o 2º princípio, o Filho. Também podemos dizer que o Pai produz a primeira e a última forma; o Filho, a segunda e a sexta; o Espírito, a terceiro e a quinta. O fogo é o separador ou resolvedor.

A Fúria é a raiz de todas as coisas, o alimento do Diabo e o princípio de todos os movimentos. Veja a Cólera.

G

Geração. Saint-Martin traduz por engendramento. É múltipla. Há uma geração interior de Deus que é incompreensível, e uma geração exterior que é a forma sétupla da Natureza.

Este mundo é uma geração tripla: exterior, astral e interior; o seu princípio e o seu fim é o éter. A geração do ser humano é análoga; o homem dá a alma, e a mulher o espírito; já no ventre da mãe começam os combates, e Cristo já desce em socorro da alma da criança.

I

Iliaster. Este é o começo da Natureza, o estado de semi-paraíso da essência divina fora da Natureza compactando-se para se tornar numa Natureza. É o fiat tenebroso; é a terra na geração do terceiro princípio, a forma severa.

Imaginação. Tem o seu princípio na primeira forma, no desejo; e propaga-se até ao quarto, o fogo, pelo qual ela se torna espiritual: ali ela pode à sua vontade regressar à sua mãe tenebrosa ou morrer para renascer na luz; assim, lá onde o ser humano mete a sua imaginação, lá ele está; ela é o médio de todo o progresso ou de toda a queda.

Impressão. É o resultado da Avidez. (Veja esta palavra).

Inferno. É uma prisão construída pelo diabo, isto é, pela queda de Lúcifer, que compreende as quatro primeiras formas da natureza; a sua vida é a cólera, é o centro do mundo visível; o seu fundamento é o dragão ou Satanás. Ele interpenetra-se nesse mundo (o 3º) com o céu, por isso encontra-se em todos os lugares e especialmente na alma do ser humano. Ele tem criaturas, habitantes, vegetais e frutos.

Inqualificar. É o movimento pelo qual uma força entra num organismo, vivifica-o e sai dele: tal é a função respiratória; mas ela estende-se a todos os planos e todas as forças.

J

Jeová ou Tetragrammaton é o suporte de toda a palavra. Je é o Pai; O é o Filho; é o Espírito; é Deus onipresente, e Jesus é a sua força; é o fundamento da magia e da Cabala.

L

Limbo. Refere-se à matriz da forma ígnea, como o Aquaster é a matriz da forma aquosa; no mundo físico, é o princípio dos seres masculinos; como no astral, é o das estrelas; no Elemento puro, é o Paraíso; e em Deus, é o limbo da Tintura celeste, é o ser humano regenerado.

Línguas. Existem cinco alfabetos principais: o da natureza, o hebraico, o grego, o latim e o do espírito.

Limo. É a terra vermelha do Génesis; ele é celeste e terrestre. O Limo celeste é o Ens do Verbo do Senhor, por meio de quem o nome de Jesus foi encarnado; o terrestre é o Ens da Serpente, sobre o qual está a espada do Querubim; ele tem que ressuscitar dos mortos.

M

Magia. Sai do Pai e é concebida pelo desejo; é divina ou diabólica; a sua forma principal é a trindade divina revelada na 6ª forma. Aplicada ao 3º princípio, ela pode mudar as suas formas; mas o ser humano não conhece a força mágica que reside na sua alma e que ele pode utilizar através das plantas e dos animais. A magia natural foi a magia dos sábios pagãos; eles não conseguiram chegar até Deus.

Magneto. É a avidez essencial da natureza.

Matriz. É tripla: a do fogo, a da luz e a deste mundo. A primeira está, no Paraíso, escondida em Deus; ela é a prisão dos diabos; ela separa todas as coisas quando chega a fase da geração; dela vêm os males e todas as criaturas imperfeitas deste mundo. A segunda matriz pertence ao 2º princípio; ela é o amor de onde vêm as almas, os anjos e por onde passa o Espírito Santo; ela criou o céu estrelado. Entre estas duas matrizes passa um desejo constante de reunião. — A matriz deste mundo inclui as outras duas; é o céu astral, porque matriz e céu são a mesma coisa.

Mens. Reside no Ens, assim como o corpo exprime a alma, e como a palavra mental expressa a palavra ental. É a água espiritual cuja força é a tintura mais elevada.

Mercúrio. O Mercúrio interior é o Verbo que o Pai exprime na ignição da sua luz; ele é o som, a música dos Anjos; o Mercúrio exterior é um fogo frio e quente, uma água seca, um separador, uma archaea, o artesão da natureza física; é, portanto, nele que reside o arcano do alquimista; é, então, um veneno, e quanto mais violento é o veneno, mais puro é o bálsamo que dele se pode extrair. O fogo é a boca da Essência, a luz é o seu sopro, e o som ou Mercúrio é a sua palavra.

Mesch. Na linguagem da natureza, é a terra vermelha, o Limo de todos os seres.

Minerais. São metais não fixos.

Mistérios. O mistério deste mundo é o nosso corpo atual; o mistério do mundo do Amor é o corpo de glória; a alma é o mistério de Deus Pai; o reino de Deus dentro de nós é o mistério espiritual. Ainda há outros, mas os dois eternos são o do Amor e o da Cólera. O princípio de todos os mistérios é o Mysterium Magnum que se encontra em todos os lugares, tanto na terra como no ser humano. O seu Ens é o Spiritus Mundi; ele é eterno e produz os dois opostos que acabamos de nomear.

Múmia É um corpo balsâmico, imutável e incorruptível. Tal era o corpo do Salvador.

Mundos. Deve-se notar que eles se interpenetram. Quando o Verbo sai do Pai, produz qualquer coisa, sensível, uma divisão, que compreende as quatro primeiras formas da natureza; depois uma expansão, uma irradiação que é o mundo da luz, compreendendo as três últimas formas; esses dois mundos são co-eternos; as suas reações produzem os seres temporais que constituem o terceiro mundo, o mundo elementar ou físico, ou material. É por isso que este último é uma imagem da eternidade. Os minerais são uma correspondência do primeiro mundo, os vegetais do segundo, os animais representam-no e o ser humano foi destinado a ser o seu Deus.

N

Natureza. Existe uma Natureza eterna que é a operação das sete fontes espirituais em formas e que é a mãe dos três princípios. A Natureza temporal é o nosso mundo físico que também é chamado a fundir-se na natureza eterna depois do Juízo final.

Necrolice. O mundo tenebroso, ou melhor, as três primeiras formas.

Necromância. O espírito do fogo.

Nada. É Deus em oposição às criaturas que são todas qualquer coisa, no sentido em que Deus não é nem isto nem aquilo, pois Ele é inconcebível, antes do começo do que quer que seja.

Nigromância. Magia negra, taumaturgia do Inferno.

Núpcias do Cordeiro. União da alma e do Verbo por meio de Sofia; elas devem ser celebradas nos três princípios.

O

Óleo. Designa a força da Tintura nos seres dos três mundos; é gerado pela combustão da Tintura que se queima sem diminuir.

P

Princípios. Veja Mundos. — No nosso mundo, eles chamam-se Sal, Enxofre e Mercúrio; eles estão pervertidos.

Q

Qualidades. Veja Formas.

Quintessência. É a raiz dos quatro elementos, ou o Elemento puro; a sua cor é branca, ela está em toda a parte porque ela é o Ens do Verbo da criação; ela reside no óleo do espírito do enxofre e contém a tintura. Finalmente, é o Ens do fogo e da luz.

R

Regime. O do céu é triplo; cada uma das suas partes está submetida a uma das três pessoas divinas; os seus chefes são Miguel, Rafael e Gabriel. O da terra está corrompido; Ninrod é o seu protagonista. Finalmente, o regime espiritual do ser humano reside na humildade.

Rodas. É o movimento das sete formas que rodam umas dentro das outras.

S

Sal. É a primeira das sete formas, portanto, a primeira matéria do nosso mundo; é o princípio de toda a corporalidade, em todos os mundos.

Salitre ou Salniter. É divino ou terrestre, conforme ele é a força das sete fontes-espíritos em Deus ou na natureza; na natureza é a morada do diabo; é, nesta terra, o Saturno dos sábios.

Sofia. Não é a Virgem Maria, mas encarnou-se nela, ela é o espírito do Elemento puro, o espelho de Deus, a força da tintura, o amor essencial, o olho cujo brilho desafia a descrição. Ela habita em todos os lugares, o seu esposo é a alma do ser humano, ela encarna todas as produções celestes, ela é o grande sabá, o véu translúcido através do qual podemos entrever Deus.

T

Tintura. O seu princípio é o fogo e o seu corpo é a luz. Ela reside nos três princípios da essência divina, assim como neste mundo. Aqui ela é dupla, masculina ou feminina, ígnea ou luminosa; há uma dentro do ser humano e uma em cada um dos três reinos; o seu movimento é o Elemento puro, ela é na natureza sétupla aquilo que o espírito é na Santíssima Trindade. Ela reside entre os três mundos; o seu nome é inefável, ela é o perfume, o esplendor e a suavidade. O seu emprego é indispensável nas artes ocultas, e quanto mais ela é nobre, mais ela fica profundamente escondida.

Trevas. São a residência do fogo frio dos diabos, o fogo deles é gelado até elas chegarem à angústia. Elas desejam a luz sem poder possuí-la senão através do mistério da regeneração do ser humano.

Turba ou Turba Magna. É, de certa forma, uma oitava forma que reside na multiplicidade das vontades. É o regime da fúria ou a oficina do diabo, e só será consumida pelo dilúvio do fogo.

V

Vida. Toda a vida é um fogo, ou uma tintura saindo do fogo. Assim, o Filho é a vida do Pai; o óleo é a vida do sal, do enxofre e do mercúrio, queimando, constitui a vida da luz.

Cada mistério tem uma vida dupla: uma espiritual, outra essencial ou natural. Além disso, nas criaturas, a vida é vegetativa, sensual e mercurial ou compreensiva. A vida masculina tem uma tintura composta de Sol e de Marte, e a vida feminina inclui Vénus e Mercúrio.

Virgem celeste. É contemporânea da Santíssima Trindade que ela torna compreensível à alma. (Veja Sofia.)

* * *

Vamos terminar este pequeno trabalho com algumas considerações. — Jacob Boehme não merece a dupla reputação que lhe é atribuída: de loucura incompreensível ou de sublimidade absoluta. Quando nos damos ao trabalho de aprender a sua linguagem, de podar as redundâncias, as repetições, as desajeitadas curvas do estilo, ele torna-se claro, profundo, luminoso; o conde de Divonne mostrou-o bem quando escreveu as páginas tão substanciais que Guaita voltou a publicar.1 Mas, também, não há nenhum ser humano que tenha a verdade única, a ciência total. A sua obra grandiosa oferece às mentes eruditas a surpreendente chamada de atenção para a antiga teosofia bramânica: mas ele constantemente mantém-se, para usar uma expressão cabalística, na esfera de Ma. Ele viu coisas assustadoras de tão profundas, e, maravilha ainda mais rara, ele manteve a humildade crística; nós consideramo-nos, com muito mais razões do que Saint-Martin, indignos de desatar os atacadores dos seus sapatos; mas apenas queremos lembrar que o alimento que ele oferece não é bom para todos e que o seu elixir não é o único que pode proporcionar ao ser humano a imortalidade celeste.

Notas

  1. A Via da Ciência Divina. [  ]
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