Da Assinatura das Coisas – 8.5. Os Planetas e as Suas Assinaturas
- O exterior é a assinatura do interior; é o relevo das formas do sal.
- Existem geralmente quatro cores: o branco, o amarelo, o vermelho e o verde. A cor dum fruto corresponde ao sabor do seu sal; se ela for branca, sutil e um pouco insípida, o sabor é suave segundo a propriedade de Vénus. Se o sabor, embora suave, for vigoroso é porque Júpiter domina; se for fraco, é a Lua que é a causa. Se a cor for dura e um pouco castanha, Marte domina; é Saturno, se a cor for castanho-esverdeada. Vénus dá o branco, Marte o vermelho e o amargo; ele clarifica a cor de Vénus. Mercúrio é multicolorido, ele dá o verde a Marte; Júpiter inclina-se para o azul, Saturno para o preto quase cinzento; o Sol para o amarelo; o Sol dá ao sal a verdadeira suavidade perfumada saída do enxofre; Saturno é áspero e acre. Assim, cada propriedade se afirma exteriormente de acordo com o seu regime interior.
- Podemos também, com a assinatura de cada raiz, saber para que serve; as folhas e as outras partes da Planta indicam qual é o seu planeta regente; as flores especialmente são úteis para isso; de acordo com o sabor de uma planta e da sua raiz, pode-se julgar da sua fome e do remédio salino que ela contém.
- O médico deve saber para cada doença do corpo em qual Sal o Mercúrio está corrompido, porque se ele prescrever ao seu paciente a planta da mesma qualidade daquela que despertou o desgosto de Mercúrio, dá-lhe um veneno pernicioso; ele deve queimar essa erva e administrar as cinzas porque o veneno do Mercúrio morre por esse fogo. Encontramos isso na magia.
- Todas as doenças provêm de um desgosto das formas naturais, quando os astros, os elementos ou uma das sete formas derramam no nosso corpo uma coisa totalmente contrária à sua propriedade dominante; esta concentra a sua força no seu Sal,1 e o seu Mercúrio começa a desejar uma corporalidade correspondente; se ele não a recebe das mãos do médico, ele acende-se na sua fonte venenosa, até se tornar ígneo, ele desperta o seu próprio Saturno e o seu próprio Marte que efetuam a impressão e consomem a carne e o óleo da Luz vital: então a vida extingue-se e tudo está acabado.
- Mas se, ao contrário, a forma de vida na qual o Mercúrio é venenosamente aceso consegue obter a propriedade que ela deseja, o Mercúrio recebe o seu alimento com alegria e cura-se. Mas o médico deve ter cuidado para que o remédio seja duma essência tão forte quanto a doença.
- Consideremos, por exemplo, um ser humano jupiteriano que sofre duma doença lunar; o mestre deve preparar-lhe um remédio jupiteriano adaptado à fome do seu Mercúrio; mas se a propriedade da Lua contiver muito do Sal do remédio, a doença será agravada. É assim também com as doenças que vêm do pavor do Salitre; a cura faz-se induzindo um pavor semelhante por meio duma erva na qual o Salitre tenha uma propriedade análoga à qual ele possui no corpo afetado.
- Sei que os sofistas poderão censurar-me aqui por colocar a virtude divina neste fruto. Mas eu pergunto-lhes: qual era o Paraíso deste mundo? era manifesto no fruto da natureza? ele estava no mundo ou fora do mundo? na virtude divina ou nos Elementos? Era patente ou latente? E ainda, qual é a maldição da terra, e qual é o exílio de Adão e de Eva? Deus não habita no Tempo, ele não é o Todo que preenche tudo? Porque está escrito: Eu sou aquele que preenche tudo? e ainda: Teu é o Reino, o Poder e a glória nos Séculos dos Séculos?
- Meditem, ó sofistas, e não me incomodem mais. Eu não disse que a natureza é Deus, muito menos que Ele é o fruto da terra, mas que Deus dá a toda a Vida a sua virtude, má ou boa, a cada uma segundo o seu Desejo; Ele próprio é tudo, mas não se chama o Deus das essências, mas sim o Deus da Luz; ele brilha em todas as essências, ele adequa a sua virtude a todas as obras, e cada coisa se qualifica segundo a sua ipseidade: umas tomam as trevas, as outras a luz; cada fome aspira ao seu alimento; toda a essência, má ou boa, vem de Deus, e tudo o que não saiu do seu Amor saiu da sua Cólera.
Notas
- Ou faculdade corporisante. [ ↑ ]
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