Da Assinatura das Coisas – 6.4. As Duas Propriedades do Óleo

  1. A propriedade oleosa também é de dois tipos após a impressão: uma, dirigida para o desejo da liberdade, livra-se da fúria da impressão e dá o bom espírito luminoso do óleo; a outra, entra na angústia sulfurosa, permanece na corporalidade segundo a propriedade salina de cada coisa: num sal ígneo se ela for ígnea, num sal amargo se for amarga, e assim por diante.
  2. A primeira propriedade segundo a Luz é suave em todas as coisas; a outra propriedade do óleo é segundo a forma da coisa, como se vê nas ervas. Numa há um veneno amargo, na outra há uma cura; mas se a propriedade venenosa é quebrada pelo mercúrio no óleo da suavidade, o amor da luz também penetra no óleo, os dois vindos duma vontade comum, mas ela muda pela impressão: da mesma forma que o diabo, originalmente um anjo, mudou para uma propriedade diabólica venenosa, e Adão, de uma propriedade celestial tem uma propriedade terrestre.
  3. Tudo aquilo que cresce, vive e se move neste mundo consiste em enxofre; o mercúrio é a sua vida e o sal é a essência corporal da fome do mercúrio. O óleo é análogo à propriedade do sal e do mercúrio: esta propriedade faz a virtude de cada coisa; no óleo impresso esconde-se o óleo espiritual que dá luz; mas este pertence a outro princípio, porque ele não envolve nenhum outro borbulhar para além do prazer do amor; a essência divina está próxima das criaturas, mas não reside essencialmente nelas; assim as Ervas, as Árvores e as outras criaturas têm nelas uma parte da virtude divina, pela qual elas podem resistir à falsa cura mágica, isto é, ao mau óleo corrompido e transformá-lo em bom.
  4. Toda a agudeza do Sabor ou do gosto vem do sal; todo odor vem do enxofre; e todo o movimento vem do mercúrio: por mercúrio quero dizer a roda de geração de toda a essência.
  5. O artista médico tem que saber destas coisas, caso contrário só conseguiria curar a doença acidentalmente. Ele tem que ser capaz de reconhecer aquilo que tornou o óleo envenenado, e qual é a fome do mercúrio na doença.
  6. Porque se ele souber dar o sal segundo a propriedade da fome, a doença será curada imediatamente, porque o óleo foi assim substituído no amor da luz.
  7. Cada doença do corpo não passa de uma corrupção venenosa de óleo, cujo consumo é a luz da vida.
  8. Quando esse óleo é infectado com um mercúrio ou com um sal venenoso, ou dos astros ou do sal das carnes, ele agita-se numa efervescência hostil, pela qual ele quer livrar-se das suas impurezas: o mercúrio trabalha então no fogo sulfuroso, e eleva-se tanto que o óleo se torna inteiramente aquoso e terrestre: então, a luz e o fogo apagam-se, e o mercúrio escapa-se com o fogo sulfuroso no fedor da morte; ele ainda pode subsistir por algum tempo no corpo astral com o qual ele se escapa, mas quando ele consumiu a sua propriedade e saciou a sua fome no espírito do grande mundo, a vida temporal está terminada.
  9. Logo que a luz do óleo se apaga, o corpo elementar cai na putrefação, no Fiat de onde ele veio; e esta é a morte, que é inevitável, a menos que o mercúrio divino venha mais uma vez para mover o corpo: o que não pode ocorrer a menos que uma boa propriedade do óleo nele possa reacender a luz da essência divina; o que o Amor divino pode realizar.
  10. A essência divina, ou mercúrio celeste, neste caso transmuta o óleo morto na sua própria, e esta torna-se na vida do corpo; porque o mercúrio exterior retorna ao mistério do qual a criação o fez sair; o corpo também vai para esse mistério.
  11. Assim também acontece com um outro movimento da divindade: a saber, a separação do mal, onde jaz a morte, do bem.
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