Da Assinatura das Coisas – 5.5. Trabalhos do Arquiteto e do Artista

  1. Essa fome só chama pela misericórdia divina para que seja libertada da Angústia infernal; ela não pode alcançá-la, no entanto, porque ela está fechada na cólera de Deus, com a terna Mãe que começou a amamentá-la. Mas, quando Deus lhe envia a Sua graça e o Seu amor, a Cólera assusta-se; a fome, então, arrepende-se da sua maldade e, querendo converter-se, luta por despojar o velho Adão. Imediatamente, o Artista tira-a da Cólera e prepara-se para fecundá-la; o velho Adão fica doente e fraco, inteiramente escuro e negro, até morrer; os quatro elementos então saem dele; enquanto que o Arquiteto do amor divino trabalha na obscuridade, no corpo da criança, que tem que ressuscitar da morte; mas ninguém vê esse trabalho.
  2. O Artista não trabalha; ele só dá ao operário a sua própria substância até que veja a vida vegetativa mostrar-se na Morte escura com uma cor diferente do preto; o novo ser humano está então pronto. O Artista leva a alma ao Arquiteto;1 e este espanta-se por uma outra vida vir até ele; ele então introduz a alma no corpo novo e depois retira-se para a sua cólera. O Novo Ser Humano ressuscita da morte em grande glória, e passando pela Cólera esmaga a cabeça da velha serpente: e a Cólera não pode fazer nada contra ele.2

Notas

  1. O operário (oculto) de Paracelso. [  ]
  2. Ver a sucessão das cores da obra em todas as obras alquímicas.3 ]
  3. Dom Pernety, no Dicionário Mito-hermético, ensina: «COR: As cores das coisas, e especialmente das flores, têm o seu princípio no enxofre mercurial e no sal dos corpos coloridos. Uma prova muito convincente é que à medida que essas partes voláteis evaporam, a cor desvanece-se, pelo menos o seu brilho e a sua vivacidade, e dá lugar a outra cor menos viva, composta por uma cor mais terrestre e menos sutil. É certo, aliás, que não se encontram cores cujo sujeito não seja gorduroso, oleaginoso e muito combustível.
    COR. Os Filósofos Herméticos consideram as cores, que surgem na matéria durante a operação da grande obra, como sendo as chaves desta Arte, e os indícios certos da verdade e bondade da matéria e do bom regime do fogo. Contam-se três principais que se sucedem, mas cuja sucessão é interrompida por algumas outras cores passageiras e de curta duração. A primeira principal é a cor preta, que deve ser vista o mais tardar no quadragésimo segundo dia. Desaparece a pouco e pouco e dá lugar ao branco. Este é seguido pelo citrino, que eles chamam de ouro. Finalmente, a cor vermelha mostra-se, e é a flor do ouro deles, a sua coroa real, etc. As cores que passam são o verde, que marca a animação e a vegetação da matéria; o cinza, ou o reino de Júpiter, que segue imediatamente o preto, ou o reino de Saturno; as cores da cauda do pavão. A cor de Tiro, ou cor de púrpura, indica a perfeição da pedra.» (NDTP) [  ]
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