Da Assinatura das Coisas – 5.2. Vida do Ser Humano no Paraíso

  1. Ora, o ser humano era bom e perfeito, criado segundo os três Mundos, como imagem e templo de Deus; ele era a própria Essência daquilo que Deus é segundo a Eternidade e o tempo nos três mundos, mas com a origem criatural. Ele morreu pelo desejo, segundo a essência celeste divina; porque o desejo interno, nascido no centro ígneo, que constitui a vida da Essência divina, e que acende a essência da suavidade divina, onde repousa a forma angélica – o prazer interno, digo, afastando-se do puro elemento divino em direção ao nascimento temporal externo, fonte das propriedades planetárias e elementares. Assim, no ser humano, a essência divina, ou corporalidade interior, já não retinha nem regra nem vitalidade; era a morte, porque o fogo da alma da propriedade do Pai se afastou da propriedade do Filho, na qual somente consiste a vida divina.1
  2. Assim, a Alma nua ficou sozinha com a sua vontade voltada em direção ao Enxofre exterior, enquanto que o interior permaneceu na tranquilidade eterna e imóvel, um nada no qual nenhuma outra operação se realizou.
  3. De modo que o ser humano só vivia no tempo por meio do seu corpo exterior; o nobre ouro da corporalidade celeste que deveria tingir o corpo exterior havia desaparecido; o corpo exterior, portanto, permanecia apenas na Vida da Natureza, na forma e propriedade de Marte, que é a fúria sulfurosa, a ira de Deus e do mundo tenebroso. Mas, porque o corpo exterior foi criado a partir do tempo, recebeu o seu regime dos Astros e dos Elementos; o desejo benigno da Divindade, que impregna o tempo, a fim de que haja uma Vida santa nas criaturas temporais, foi-se extinguindo a pouco e pouco, transformando-se em água, nessas criaturas; e a alma teve que se contentar com a luz do ☉ (Sol).

Notas

  1. Ver Caim de Fabre d'Olivet. [  ]
[ Anterior ] [ Índice do Livro ] [ Seguinte ]

Início » Textos » Assinatura das Coisas » 5.2. Vida do Ser Humano no Paraíso