A Sabedoria em Jacob Boehme - 1. Introdução

  1. O Deus de Boehme revela-se na realização das suas obras. O teósofo descreve essa revelação progressiva a que nós chamamos de manifestação divina. Este é todo o seu propósito. Ora, Deus manifesta-se através da Sabedoria e na Sabedoria. A Sabedoria está no começo dos caminhos divinos e no seu termo. O perfil da Sabedoria precisa-se a pouco e pouco, como o do Deus do qual ela é o espelho. Para conhecê-la, temos, portanto, que seguir todo o percurso dessa manifestação divina.
  2. A Sabedoria aparece a partir do momento em que Deus é verdadeiramente chamado de Deus. É esse momento que, para Boehme, é o primeiro começo. Ele é anterior à criação do nosso mundo. Mas o nosso universo criado é, ele próprio, precedido por um mundo emanado ao qual Boehme chama de natureza eterna. E, para chegar à origem primeiríssima, onde Deus se manifesta na sua Sabedoria, temos que retroceder ainda mais além desse mundo arquetípico.
  3. Eis, então, o primeiro começo para Deus e para a sua Sabedoria. Num momento, a que devemos chamar de segundo começo, vai nascer a natureza eterna. Num primeiro tempo, a Sabedoria será ocultada, assim como Deus. Na raiz da natureza eterna, são as trevas que reinam. Depois, a Sabedoria vai manifestar-se nessa natureza levada à sua perfeição. A luz brilhará nas trevas.
  4. A natureza eterna toma corpo segundo um ciclo de emanações que conduz à primeira criação, a dos anjos. A carne dos anjos, quintessência da natureza eterna habitada pela Sabedoria, é o primeiro céu. A Sabedoria é aí soberana. Depois, ela fica novamente invisível quando Lúcifer perde o seu esplendor. Ela era esse esplendor. No entanto, Adão toma o lugar do anjo caído. Então, a Sabedoria brilha novamente no corpo celeste do primeiro ser humano, manifestada apenas antes da queda. Em seguida, ela afasta-se, mais uma vez, depois do pecado. Ela regressará para iluminar a carne celeste de Cristo e do seu corpo universal.
  5. A Sabedoria personifica a presença divina, oculta ou manifestada. Ela mostra-se plenamente quando o tempo da revelação é consumido.
  6. Nós vamos, portanto, seguir a dinâmica da manifestação divina tomando-a na sua fonte.
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