Teosofia Prática – Do combate espiritual

  1. Deus fá-lo perceber, iluminando-o, que a sua vontade própria é esse dragão de fogo de que fala o Apocalipse 12, contra o qual o ser humano deve lutar com a força de Jesus.
  2. Que a sua alma e os seus sentidos não podem descansar em Cristo, até que o dragão vermelho seja vencido, amarrado e colocado aos pés de Jesus, dentro do ser humano interior, e submetido à vontade de Deus, dentro do PRINCÍPIO interior da luz.
  3. É esse combate que Deus indicou aos nossos primeiros pais: “Porei inimizade entre ti, serpente, e a mulher, e entre a tua semente e a semente dela”. Génesis 3.
  4. É este combate que representa o espírito de Jesus no Apocalipse 12, que dura desde Adão até aos nossos dias, e que continuará até ao fim, para os fiéis.
  5. Porque este combate é espiritual, e tanto interior entre a carne e o espírito nos sentidos, como exterior entre a semente da mulher e a da serpente;
    quero comunicar ao leitor o que o bom Deus me transmitiu, até onde a minha própria experiência possa alcançar.
  6. O meu leitor cristão deve entender aqui que estou a falar da alma regenerada que está, com o filho pródigo, a caminho da casa do seu querido Pai.
  7. Mas para aquele que é terrestre, não escrevi nada, e ele não entenderá nada:
    porque o ser humano terrestre vive segundo os desejos da carne e conhece apenas os acontecimentos exteriores.
  8. Mas um regenerado, que rompe com os falsos desejos carnais, e que, do estábulo diabólico, coloca as suas faculdades no Santo dos Santos, onde Deus habita e está presente às almas, será tentado pelo Diabo, por meio de falsas ideias, devido a falsas IMAGINAÇÕES,1 depois por pensamentos adversos e más vontades.
  9. Porque o temperamento exterior está situado metade nas trevas e metade na Luz, como vemos na Figura do terceiro capítulo;
  10. Ele terá que sofrer muito mal, e embora o Diabo não possa ver a parte luminosa das almas, ele age na parte tenebrosa, nas divisões da vontade;
    ele causa problemas e confusão na roda do temperamento e impede o bem onde quer que consiga.
  11. Daí vem que Paulo, e todos os santos, se queixam de que muitas vezes fazem o que não querem.
  12. Se quisermos compreender o fundo deste combate espiritual, procuremos na luz da Natureza, o que é a nossa alma, para que possa resultar daí um instante de amor ou de cólera, de luz ou de escuridão, de alegria ou de dor;
  13. Mais rápidos que um relâmpago, os pensamentos bons e maus vêm e vão inumeráveis:
  14. Veremos que é uma vontade desejosa que está presa dentro das trevas, que suspira incessantemente pela luz, e que quer parir o seu desejo, para livrar-se desta dor latejante e alcançar em si mesma o Paraíso ou TEMPERAMENTO;2
  15. Onde ela pudesse descansar das suas fadigas espirituais e saciar a sua fome dolorosa, afim de que a Vontade de Deus possa agir nela, como foi explicado detalhadamente nos parágrafos 25-31.
  16. Assim, alguém inexperiente precisa de mais lições, pois tem que ser ajudado por analogias.
  17. O temperamento fica esfomeado e deseja violentamente parir nele a Luz;
    e quanto mais violento é o desejo, maior se torna a dor escura, de modo que as almas não exercitadas caem na dúvida e a sua coragem enfraquece.
  18. Elas abandonam a oração e o combate, como eu próprio fiz, e eu aconselho o meu leitor a não me imitar;
  19. Mas que ele conceba outra vontade, para romper com essa penosa escuridão, abandonando ali a primeira vontade.
  20. Assim, ele aprenderá, pela oração e pelo trabalho, o que estas linhas não conseguem expressar.

Notas

  1. Ver o Anexo Da Imaginação. [  ]
  2. Ver o Anexo Da Compleição. [  ]
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