Teosofia Prática – Do regresso ao amor próprio

66. A outra tentação é ainda mais difícil e corruptora: Quando a alma, acesa com o fogo divino, arde com uma chama clara e produz uma bela luz, onde a Virgem celeste se ergue triunfante dentro do temperamento, e beija o seu querido noivo com os seus gentis raios de luz dentro da alma ígnea, quando ela lhe transmite todas as suas forças para manifestar e realizar as maravilhas de Deus através do poderoso desejo da oração, ela faz-se presente e surge no Céu cantando um hino de louvor:
67. A alma sai da humildade e da equanimidade para regressar então ao amor-próprio, pensando que é o seu próprio Fogo que pode realizar e produzir esses milagres pela MAGIA ígnea e pela sua própria oração:
    ela lança-se bem alto acima dos Tronos, quer ser qualquer coisa e torna-se numa demónio orgulhoso e egoísta que, sob o pretexto da justiça divina, quer tudo curvar aos seus pés, perseguindo o que não se submete imediatamente, com o fogo e com a espada, amaldiçoando-o e condenando-o ao inferno.
68. A querida Virgem fica ofendida e entristece-se com isso, pois não pode vir em socorro do seu noivo!
69. Porque, quando ela quer introduzir os seus suaves raios de luz no Fogo dessa alma, para suavizá-la, a alma só se torna ainda mais ígnea, mais orgulhosa e mais exaltada, resistindo com todas as suas forças à luz suave, não deixando nada nela que possa amortecer a sua acuidade.
70. Ela considera toda doçura como sendo hipócrita e rejeita tudo o que não é ígneo;
    cobre tudo isso com o MYSTERIO STULTITIAE e chama a isso de justiça e de julgamento de Deus;
    ela é, no entanto, sob este aspeto exterior, apenas um demónio altivo e orgulhoso.
71. Quando a querida Virgem Sofia vê que o seu noivo não pode ser curado pelo seu amor e pela sua gentileza, ela retira-se para dentro do seu PRINCÍPIO de luz, obscurece o fogo da alma, deixa-a cair no pecado e na loucura, e dá-lhe uma mulher corporal a fim de aliviar o grande fogo da água terrestre, para que o espírito ígneo tenha algo com que brincar na sua fantasia e que, por essa ligação, não lhe seja mais permitido levantar vôo.
72. Eu fui picado e queimado por um tal espírito ígneo;
    porque eu não tinha experiência e não conhecia o Diabo;
    eu considerava-o divino e acreditava ser meu dever curvar-me sob a sua DIREÇÃO e obedecer às suas ordens como um soldado novato.
73. Mas o bom Deus compadeceu-se da minha simplicidade e libertou-me a tempo;
    Estou-Lhe eternamente grato.

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