Anfiteatro da Sabedoria Eterna - 27 de Abril
Versão antiga ou Vulgata | Passagens citadas da Sacro Santa Escritura | Nova tradução dos Provérbios a partir do hebreu, e da Sabedoria a partir do grego |
117. Afim de que tu sejas arrancado → à mulher indigna e → à estrangeira → que suaviza as suas conversas. | Pr 2, 16. | 117. Afim de que ela te arranque, digo, à mulher estrangeira, à indigna que suaviza as suas conversas. |
- À mulher indigna - O Sábio não trata aqui apenas da nódoa carnal, mas também da dos sentido, da razão e da alma, como é evidente no versículo 108.
Porque assim como as conversas perversas corrompem os bons costumes, do mesmo modo os dogmas falsos corrompem os bons espíritos.
A Sabedoria mundana, astuciosa, vã, orgulhosa, litigiosamente disputativa, empolada, proferindo um palavreado de vãs palavras, uns sons vazios de sentido, e pelos prestígios da dialética (eu distingo, amigo Leitor entre o verdadeiro uso e o abuso) e pelos circunlóquios dos sofistas, estendem as redes da sedução, é precisamente esta mulher sedutora, lisonjeadora e indigna (Pr 7), e esta mulher estrangeira, louca e faladora que, por um título muito enganador, se faz diabolicamente passar junto dos loucos, como sendo a Sabedoria verdadeira, enquanto, de acordo com S. Paulo, não há mais perfeita loucura aos olhos de Deus que a sabedoria terrestre, que deve ser desaprendida por aquele que verdadeiramente deseja saber.
Nas Obras filosóficas de Luís Vivès, escutem o velho Filósofo (que deve ser visto como um mestre na sua arte) possuindo a autoridade da Doutrina e da experiência: «O que, na minha juventude», diz, «acreditei ser sublime e elevado e que eu tomei como tesouros da Filosofia, eu vejo, agora que estou convertido e velho, que apenas são excrementos e outros tantos impedimentos à vida devota e aos estudos necessários.»
É isso mesmo.
Porque os Santos Pais, S. Jerónimo, S. Ambrósio, S. Agostinho, S. Cipriano, S. Hilário, S. Basílio, S. Cirilo, Tertuliano, Bernardo, Prudêncio, Isidoro, e muitos outros homens devotos e doutos (dos quais eu poderia, se tivesse o tempo e o espaço, enumerar num prolixo catálogo, os seus escritos atestam-no abundantemente) não se arrependeram pouco das penas que eles passaram antigamente ao tratar da Filosofia secular, sempre disputativa, pagã, terrestre; e todos, depois de numerosos e penosos trabalhos por ela, compreenderam por fim em si que ela é o flagelo, a peste da verdade, da ciência sólida, da Lei de Deus e da Religião de Cristo.
Fujam portanto, fujam adolescentes, da meretriz; e a exemplo do Imperador Maximiliano I escutem aqueles que filosofam Pagãmente ou profanamente como rãs e não como rouxinóis.
Que aquele que pode compreender, compreenda (se o diabo não o impedir) e corrija-se. - À estrangeira - A peregrina grega que não é aprovada na sua mentira, pelo testemunho interno do Espírito Santo.
O motivo deve-se a que a Sabedoria não se adquire pelas palavras alindadas e pintadas da Retórica, nem pela tortuosidade dos silogismos pelos quais esta Estrangeira atrai as crianças e os desprevenidos ao seu amor (infelizmente, vergonhoso e indigno!) mas pela Luz da alma Divinamente iluminada, caindo (Entusiasticamente) sobre o intelecto e pondo em movimento a livre vontade de crer; a qual é a mais nobre via para saber todas as coisas. - Que suaviza as suas conversas - Dialeticamente, Retoricamente.
Séneca diz-nos: «A conversa lisonjeadora é um veneno muito suave. Quem lhe der crédito será enganado facilmente.»
Cícero diz igualmente com grande verdade: «As forças e o nervo da Sabedoria são as de não crer facilmente.»
E Eurípedes: «Nada é melhor e mais útil ao juiz que o desconfiar dos homens.»
Aprendam portanto, ó mortais, vocês que são tantas e tão frequentemente avisados, a evitar imitar o erro dos que erram, devido ao ardor da sua juventude e da sua ignorância, em vez da penitência daqueles que, devido à idade, se tornaram mais sábios.
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