Aurora Nascente - 7. Segunda parábola: Do dilúvio das águas e da morte que a mulher introduziu e expulsou
- Quando a avalanche do mar se dirigir para mim 1 e as correntes inundarem a minha face 2, e as setas da minha aljava ficarem embriagadas com sangue 3, quando as minhas adegas rescenderem ao mais precioso vinho e os meus celeiros estiverem repletos de trigo 4, quando o esposo entrar na minha alcova com as dez virgens sábias 5, e o meu ventre intumescer com o contato do meu amado e o ferrolho da minha porta se abrir para o meu amado 6, depois de Herodes no seu ódio assassinar muitas crianças de Belém da Judeia e Raquel tiver chorado todos os seus filhos 7, e a luz se erguer das trevas 8 e o sol da justiça tiver aparecido no alto do céu 9, então terá chegado a plenitude dos tempos em que Deus, segundo as suas palavras, enviará o seu Filho 10, que ele estabeleceu como o herdeiro de todas as coisas e através do qual ele também fez o mundo 11 (e) a quem disse um dia: Tu és meu Filho, hoje eu gerei-te 12; a ele os magos do Oriente também ofereceram três dons preciosos 13.
- Neste dia, feito pelo Senhor, exultemos e alegremo-nos 14, porque hoje o Senhor olhou para a minha aflição 15 e enviou a redenção 16, pois ele reinará em Israel.
- Hoje, a morte que a mulher havia trazido foi expulsa pela mulher e as portas do inferno foram quebradas; a morte não exercerá mais o seu domínio 17, nem as portas do inferno prevalecerão contra ela 18; pois a décima dracma que fora perdida foi achada, e a centésima ovelha que se extraviara foi encontrada, e o número dos nossos irmãos, diminuído após a queda dos anjos, foi plenamente restaurado 19.
- Deves portanto alegrar-te hoje, meu filho, porque não haverá mais lamento nem dor, visto que as coisas anteriores passaram 20.
- Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça o que o espírito da doutrina diz aos filhos da ciência sobre a mulher que introduziu e expulsou a morte, o que os filósofos dão a entender com estas palavras: Tira-lhe a alma e restitui-lhe a alma de novo, pois a corrupção de uma é a geração da outra 21, o que significa: priva-a da sua umidade corruptora e acrescenta-lhe a umidade conatural, mediante a qual surgirão a sua vida e plenitude.
Notas
- Is 60, 5. Missal, p. 109. [ ↑ ]
- Sl 78, 20. Cf. Jn 2, 4. [ ↑ ]
- Dt 32, 42. [ ↑ ]
- Pr 3, 10. Missal, p. 437 e Jl 2, 24. Missal, p. 383. [ ↑ ]
- Cf. Mt 25, 1s. [ ↑ ]
- Ct 5, 6. [ ↑ ]
- Cf. Mt 2, 16-18 e Missal, p. 98. [ ↑ ]
- Sl 112, 4. Cf. Missal, p. 721. [ ↑ ]
- Ml 3, 20. [ ↑ ]
- Gl 4, 4. Missal, p. 101. [ ↑ ]
- Hb 1, 2. Missal, p. 82. Cf. Avicena: Declatatio Lapidis Physici Filio Aboali, Theatr. Chem., 1659, IV, p. 876. [ ↑ ]
- Hb 1, 5. Missal, p. 72. [ ↑ ]
- Cf. Mt 2, 11. [ ↑ ]
- Sl 118, 24. Missal. p. 316, 329. [ ↑ ]
- Gn 31, 42. [ ↑ ]
- Sl 111, 9. Cf. Missal. p. 341. [ ↑ ]
- Rm 6, 9. Missal, p. 326, 344. [ ↑ ]
- Mt 16, 18. Missal, p. 510. [ ↑ ]
- Cf. Lc 15, 1-10 e Missal, p. 414-415. [ ↑ ]
- Ap 21, 4. Missal, p. [73]. [ ↑ ]
- Cf. Consilium Coniugii, in Ars Chemica, 1566, p. 259. [ ↑ ]
[ Anterior ] | [ Índice ] | [ Seguinte ] |
Início » Textos » Aurora Nascente » 7. Segunda parábola: Do dilúvio das águas e da morte que a mulher introduziu e expulsou