Aurora Nascente - 6. Primeira parábola: Da terra negra, na qual sete planetas criaram raízes
- Observando de longe, vi uma grande nuvem enegrecendo a terra inteira; ela cobriu e esgotou a minha alma, pois as águas atingiram-na e por isso apodreceram e corromperam-se à face dos abismos inferiores e da sombra da morte, e a tempestade submergiu-me 1.
- Então os etíopes prosternar-se-ão diante de mim, e os meus inimigos lamberão a minha terra 2.
- Por isso não há nada de sadio no meu corpo e à vista da minha iniquidade os meus ossos estremeceram 3.
- Eis por que me cansei de gritar tanto ao longo das noites, a minha garganta enrouqueceu: Quem é o homem vivo que sabe e compreende, e que livrará a minha alma da mão do inferno? 4
- Quem me esclarecer terá a vida (eterna) 5 e eu o farei comer da árvore da vida, que está no paraíso e dar-lhe-ei um lugar junto de mim no trono do meu Reino 6.
- Aquele que me extrair como se eu fosse uma moeda de prata e me adquirir como a um tesouro 7 e não turvar as lágrimas dos meus olhos e não zombar 8 das minhas roupas e não envenenar a minha comida e bebida, e não conspurcar o meu leito de repouso, nem violar o meu corpo tão delicado, e mais ainda, a minha alma (ou pomba) que é sem fel, inteiramente bela (e) formosa, sem mancha alguma 9, aquele que não estragar os meus lugares de descanso e tronos - ele, cujo amor me faz enlanguescer, ardor que me dissolve, aroma que me dá vida, sabor que me restaura as forças, leite que me nutre, amplexo que me rejuvenesce, beijo que me dá o alento de vida -, ele, por quem o meu corpo desfalece ao dormirmos lado a lado, para ele serei pai e ele será meu filho 10; sábio, aquele que alegra o seu pai 11; a ele darei o primeiro lugar acima dos reis da terra, e a minha aliança (com ele) será preservada pela eternidade 12.
- Mas se ele abandonar a minha lei 13, se se afastar dos meus caminhos, se não seguir as minhas ordens e não preservar nos meus mandamentos estabelecidos, o inimigo o subjugará e o filho da iniquidade poderá prejudicá-lo 14.
- Se, pelo contrário, ele seguir as minhas vias, não temerá o frio da neve, pois os da sua casa terão roupas de linho e de púrpura 15.
- E nesses dias ele rirá, e eu estarei saciada, a minha glória aparecerá à luz do dia, porque ele foi atento aos meus caminhos e não comeu o pão da ociosidade 16.
- Por isso os céus se abriram sobre ele e uma voz ressoou como o trovão 17: a voz daquele que tem sete estrelas na mão, que são os sete espíritos 18, que foram enviados a toda a terra, a fim de pregar e dar testemunho.
- Quem tiver acreditado e tiver sido corretamente batizado, será salvo; mas quem não tiver acreditado, sofrerá a condenação.
- Os sinais que distinguem os que acreditaram e foram bem batizados são estes 19 (quando o rei celeste os governar): ficarão brancos como a neve sobre o Salmon e as plumas da pomba brilharão prateadas e a parte posterior do dorso terá o brilho radioso do ouro amarelo 20.
- Assim será o meu filho dileto 21, olhai como é bela a sua forma entre os filhos dos homens 22, ele, cuja beleza deslumbra o sol e a lua.
- Ele é o privilégio do amor e o herdeiro em quem os homens confiam 23 e sem o qual nada podem fazer.
- Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça o que o espírito da doutrina diz aos filhos da ciência 24 a respeito das sete estrelas, através das quais se realiza a obra divina.
- Senior menciona-as no seu livro, no capítulo do sol e da lua: Depois que estabeleceres esses sete (metais), que dividiste por meio das sete estrelas, que os tiveres agregado às sete estrelas e os purificado nove vezes até que se assemelhem a pérolas - isto é a dealbatio (brancura) 25.
Notas
- Sl 69, 2-4. [ ↑ ]
- Sl 72, 9. [ ↑ ]
- Sl 38, 4-6 e Sl 6, 3-4. [ ↑ ]
- Sl 89, 49. [ ↑ ]
- Eclo 24, 22. Missal, p. 727. [ ↑ ]
- Ap 2, 7 e Ap 3, 21. [ ↑ ]
- Pr 2, 4-5. [ ↑ ]
- Cf. Turba Philosophorum, ed. J. Ruska, Berlim 1931, p. 207. [ ↑ ]
- Ct 4, 17. Missal, p. 540. [ ↑ ]
- Hb 1, 5 e 1Cr 17, 18. Cf. Missal, p. 83. Cf. adiante, Ap 21,7. Cf. Alphidius, in Petrus Bonus: Pretiosa Margarita novella..., ibid., p. 40. Cf. também Turba Philosophorum, ed. J. Ruska, Berlim 1931, p. 246. [ ↑ ]
- Pr 29, 3. [ ↑ ]
- Sl 89, 28-29. [ ↑ ]
- Sl 89, 31-33. [ ↑ ]
- Sl 89, 22-23. Missal. p. [4]. [ ↑ ]
- Pr 31, 21-22. Missal. p. [66]. [ ↑ ]
- Pr 31, 25-27. Missal. p. [67]. [ ↑ ]
- Ap 4, 1. Cf. Sl 18, 14. Missal, p. 376. [ ↑ ]
- Ap 1, 4; Ap 1,16; Ap 2,1; Ap 3,1. [ ↑ ]
- Mc 16, 16-17. Missal, p. 693. [ ↑ ]
- Sl 68, 14-15. Cf. Ap 7, 14. [ ↑ ]
- Ct 15, 16. [ ↑ ]
- Sl 45, 3. Missal, p. 101. [ ↑ ]
- Br 3, 17. [ ↑ ]
- Ap 2, 7. Cf. Mt 11, 15, etc. [ ↑ ]
- Cf. Senior: De Chemia, ibid., p. 10/11; e Memoirs of the Asiatic Soc. of Bengal, vol. XII, p. 149-150. [ ↑ ]
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