Teosofia Prática – Ao leitor

  1. Quando tu és arrebatado por Cristo e regenerado pela Água e pelo Espírito, tu tornas-te num sacerdote do Altíssimo tendo o privilégio de entrar no Santo dos Santos.
  2. Porque o Verbo se revelou ESSENCIALMENTE dentro do teu coração e pela tua boca, e o incenso divino, o espírito da oração foi-te confiado.
  3. E tu podes rezar, suplicar, oferecer os sacrifícios de ação de graças e de expiação por todos os seres humanos, judeus, turcos e pagãos, que ainda estão no vestíbulo da carne, e apresentar por eles a tua alma a Cristo como ANÁTEMA;
  4. Te envolveres no amor de Jesus, e introduzi-lo dentro da oração para que ele aplaque a fome aguda e ígnea da oração;
  5. Tu não deves enterrar o teu tesouro espiritual dentro da tua alma, nem guardar os dons celestes só para ti;
    mas deixa fluir o teu riacho de orações para todos os teus irmãos, e apresenta a Deus as primícias dos teus frutos de amor;
    para que assim Deus possa abençoar-te e comunicar-te constantemente novas forças.
  6. E, com este exercício, tu serás levado num ano muito mais longe internamente do que de outra forma em vários anos;
    qualquer um que tenha alguma experiência reconhecerá isto.
  7. Não saias, entra e deixa sair o amor de Deus, Ele dirigirá as tuas orações e te elegerá queridos discípulos que te agradecerão com o coração, assim como Deus, por teres contribuído com o teu trabalho para a Salvação das suas almas.
  8. E, ainda que aconteça que o egoísmo deles não se entregue ao Amor, e se levante contra ti com cólera e brutalidade,
  9. Permanece no amor de Jesus, nunca o deixes sair da tua IMAGINAÇÃO e da tua Vontade, contém os teus irmãos irascíveis, e penetra pelo amor da tua oração na Cólera deles, até que ela se renda ao Amor de Jesus, e seja transformada em doce misericórdia.
  10. É preciso que tu próprio geres, com o teu Jesus, o Amor na Cólera, para fazeres renascer os irmãos irascíveis em Cristo Jesus, o eterno Amor.
  11. Pensa que tu és ouvido por Deus, encarregado de rezar pelos teus irmãos, para reconciliá-los, para trazê-los de volta e ligá-los a Ele.
  12. Que esta seja a tua função nesta terra, sê fiel a isto até ao fim e engrandece Jesus acima de todo poder, de toda grandeza e de todo reino.
  13. E se a vontade própria se opõe dentro de um ou dentro de outro, fica calmo na tua vontade, e vê para que lado se volta o Anjo do grande Conselho.
  14. Porque a tua oração não deve regressar vazia, mas expressar a vontade de Deus.
  15. Assim, caro Leitor, quem quer que sejas, sabe que um cristão verdadeiro e ESSENCIAL é um operário na vinha do Senhor;
    ele luta incessantemente contra a Cólera de Deus nos Filhos da incredulidade, juntamente com o Diabo e com a razão, que se eleva na alma;
    ele derruba-os e golpeia-os à direita e à esquerda, com a espada do Espírito, a todos os inimigos de Jesus Cristo.
  16. Ele tem muito pouco descanso neste mundo;
    ele tem que vigiar, jejuar e rezar, para que o Diabo do Abismo não triunfe, e não lhe tire a sua nobre Pérola de Luz, a qual ele detesta acima de tudo.
  17. Que ele não passa o seu tempo na preguiça e na indolência, como o mundo erroneamente acredita;
    e que ele não cobice o supérfluo dos ricos.
  18. Se ele fizesse assim, ele teria que permanecer no mundo, acumular, negociar, comprar, vender, correr, viver de acordo com a época.
  19. Ele não poderia deixar o mundo, seguir a Cristo na Regeneração, nem renegar todas as coisas temporais, até que não tivesse mais nada para cobrir a sua vergonha.
  20. Numa tal vida, ele torna-se estrangeiro para todos os seres humano, resigna-se a uma grande pobreza terrestre, para poder obter a nobre pérola do conhecimento de Deus e de si mesmo.
  21. O Diabo cobre-o com o seu manto negro de vícios, para que ele não seja reconhecido neste mundo, e para que lhe sejam roubadas almas.
  22. Certamente, o mundo não é digno de tais almas;
    é por isso que Deus as deixa tão escondidas, para que elas não sejam reconhecidas e dilaceradas pela multidão de porcos do Diabo.
  23. Portanto, é uma grande graça que Deus dá a um rico do injusto Mamom, quando o coloca em condições de ajudar um desses pobres escondidos.
  24. É o Espírito de Deus que faz isso, porque eles não são reconhecíveis exteriormente, não dependem de ninguém, não reclamam, mas ficam felizes com o que Deus lhes dá.
  25. Porque eles são os Seus pobres e não os do mundo;
    é por isso que Deus os conhece, assim como eles O conhecem, procurando honrá-Lo e adorá-Lo até ao fim.1

Notas

  1. Esta tradução foi realizada a partir da tradução francesa «J.-G. Gichtel - Theosophia Practica», Éditions Sebastiani, Milano, Italie, 1973. [  ]
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