Teosofia Prática – Do dragão de sete cabeças

  1. Que o meu leitor seja cordialmente exortado a procurar conhecer-se a si mesmo a fundo;
    ele certamente encontrará nele o dragão de sete cabeças e a prostituta;
  2. Que ele lhes declare guerra imediatamente, e que não deponha as armas, que não busque descanso na carne, até que tenha lançado o seu inimigo desde o templo celeste interior até à fossa fedorenta;
    ele terá adquirido glória diante de Deus.
  3. Deus realmente lançará a besta e a prostituta do mundo exterior no poço infernal, quando chegar a hora.
  4. As armas do Tentador são em parte exteriores e corporais, em parte interiores e espirituais.
  5. Exteriormente, a perseguição, a prisão, os ferros, os ultrajes, a ridicularização, o banimento e a morte;
    porque ele tem direito sobre a vida exterior;
    mas se nós conseguirmos deixá-lo, ele perde o seu poder.
  6. Quando ele perde esta batalha e vê que a alma não tem medo da sua pele de leão, ele assume a forma da serpente, coloca-se sob a árvore da tentação e presenteia-nos com heranças, com casamentos ricos, com honras, com altos empregos.
  7. Como ele sabe pintar-nos bonitas coisas pela nossa razão! como ele encanta a alma, os sentidos e a IMAGINAÇÃO1 para nos fazer morder a maçã saborosa!
  8. Assim, ele faz perder muitas almas boas que depois lamentam a sua perda e a sua derrota até o fim.
  9. Ele testou-me por muitos anos com essa isca de carniça, até que o amor de Deus me libertou e me deu a Virgem celestial em recompensa disso.
  10. Quando essa tentativa falha, ele experimenta os elementos espirituais, o orgulho, a ambição, o ciúme, a cólera, e inspira na alma o desprezo pelas grandes virtudes divinas da santidade;
  11. Que ela deve erguer-se, elevar-se acima dos Tronos e desprezar o que não se assemelha ao seu poder ígneo.
  12. Que ela deve habilmente atrair o bem dos que lhe estão próximos, caluniar quem a queira castigar, ou matá-lo e deitá-lo ao chão.
  13. E quando ele encontra um objeto, incendeia e consome num Fogo colérico tudo o que não está consolidado no amor, e de tal forma obscurece a vida e a conduta do soldado de Jesus, que nenhum homem honesto consegue mais reconhecê-lo.
  14. Ao mesmo tempo, ele precipita-se sobre a alma com a angústia, o medo, o pavor, o tremor, a dúvida, a incredulidade, a concupiscência, etc., e quer forçá-la a cair de joelhos e implorar-lhe um pedaço de pão.
  15. Ele apresenta Deus como um Juiz colérico e impiedoso, de forma que o céu e a terra pareçam uma prisão onde as pessoas gritam, mas onde a ajuda está longe.
  16. Mas Deus não permite que o justo seja provado além das suas forças;
    e quando a medida está cheia, Ele envia uma salvação admirável, faz amigos dos inimigos ou corta as ervas daninhas.
  17. Tu, caro leitor, tu não podes fazer mais nada, em todas essas provações, a não ser rezar, como eu fiz incansavelmente, e acreditar firmemente que Deus é Amor, e de fato Ele não me abandonou na necessidade.
  18. Que Ele tenha a glória, a honra, o agradecimento e o louvor nas Eternidades. Amém!

Notas

  1. Ver o Anexo Da Imaginação. [  ]
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