Teosofia Prática – Do esmagar da serpente

  1. Quando eu estava trancado numa masmorra imunda, o Diabo fez o seu primeiro assalto, e TENTOU-ME com dúvidas tão terríveis que eu estive prestes a pegar na minha faca para livrar a minha vida miserável dessa dor.
  2. Esse combate foi tão feroz e tão violento que a pele dos meus joelhos foi arrancada enquanto eu me arrastava pelo chão, sem que eu me apercebesse por causa da minha angústia interior;
    pois o diabo colocava dúvidas em todas as minhas orações.
  3. Tendo passado toda a metade do dia nessa dilaceração, cantei este salmo luterano: “Se Deus não estivesse conosco, etc.”, fui repentinamente atingido no espírito e caí no chão.
  4. Eu vi uma luz branca no meu coração, ao redor do coração uma grande serpente, enrolada três vezes em torno de si mesma como uma trança;
    no meio, dentro da claridade, apareceu Cristo na forma descrita por João (Apocalipse 1,13-15).1
  5. Ele disse com um grande suspiro: "Se a graça não fosse o meu consolo, ó Deus, eu expiraria de dor!"
  6. Mal essas palavras foram pronunciadas quando, como que por um choque formidável, a serpente foi esmagada e reduzida a pequenos pedaços, que vi cair para dentro dos vapores obscuros.
  7. Então, voltei a mim e senti um notável alívio e uma consolidação na minha oração;
    como está desenhado nesta FIGURA.
  8. Esta expulsão da casa de escravidão egípcia é apenas o primeiro passo no deserto da prova para a razão incrédula, que não se contenta com a pobreza de Cristo;
    ela tem vergonha de mendigar e lamenta a perca das carnes, dos alhos e das cebolas do Egito;2
    então, o Diabo desperta a descrença, a desconfiança e a dúvida.

Notas

  1. «No meio deles estava um ser parecido com um homem, vestindo uma roupa que chegava até os pés e com uma faixa de ouro em volta do peito. Os seus cabelos eram brancos como a lã ou como a neve, e os seus olhos eram brilhantes como o fogo. Os seus pés brilhavam como o bronze refinado na fornalha e depois polido, e a sua voz parecia o barulho de uma grande cachoeira.» Apocalipse 1,13-15. [  ]
  2. «No Egito comíamos quanto peixe queríamos, e era de graça. E que saudades dos pepinos, dos melões, das verduras, das cebolas e dos alhos!» Números 11,15. [  ]
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