Teosofia Prática - Anexo Dos Três Princípios
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Dos Verdadeiros Principios de Todas as Coisas
Legenda da Figura:
- Escrito no cimo da figura: «Os Verdadeiros Princípios de Todas as Coisas.»
- O círculo escuro da direita representa o Primeiro Princípio, Deus Pai. No interior tem representado um triângulo, com o vértice voltado para cima, e com os símbolos de Saturno, Mercúrio e Marte, em cada um dos três vértices. Estes três símbolos representam a Primeira, Segunda e Terceira Propriedades.
- Entre a esfera escura da direita e a esfera clara da esquerda está um quadrado central com a letra F (de Fiat) sobre o Sol. Este símbolo representa a Quarta Propriedade.
- O círculo claro da esquerda representa o Segundo Princípio, Deus Filho. No interior tem representado um triângulo, com o vértice voltado para baixo, e com os símbolos de Vénus, Júpiter e Lua, em cada um dos três vértices. Estes três símbolos representam a Quinta, Sexta e Sétima Propriedades.
- O círculo escuro em baixo representa o Terceiro Princípio, o Universo. No interior está representada uma mistura desordenada do Primeiro e do Segundo Princípio.
- O círculo claro em cima representa o Paraíso. No interior estão representados dois triângulos que simbolizam o equilíbrio harmonioso do Primeiro e do Segundo Princípio.
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Dos Verdadeiros Principios de Todas as Coisas com Legendas
Os Três Princípios
Os Três Princípios são:
1º Princípio – Mundo das Trevas – desejo, ou vontade.
2º Princípio – Mundo da Luz – prazer, ou deleite.
3º Princípio - Mundo do Fogo - procedente ou de saída.
O Primeiro Princípio emana de Deus Pai: trevas, cólera, ciúme, angústia, conhecimento. O Segundo Princípio emana do Filho: luz, amor, mansidão, amizade, alegria, sabedoria. O Terceiro Princípio emana do Espírito Santo: o mundo exterior das estrelas e dos elementos, no qual o bem e o mal, a luz e as trevas se misturam e os Três Princípios se sobrepõem e interpenetram toda a Criação.
O Primeiro Princípio é o Inferno, o Segundo Princípio é o Céu.
O Céu e o Inferno não são lugares criados, mas lugares incriados, e existem em todos os lugares. As almas dos “mortos” não voam para o céu ou caem no inferno. Permanecem onde estão e encontram-se no Princípio para o qual se orientaram durante a vida.
O Primeiro Princípio é a Natureza Eterna. No Primeiro Princípio, Deus não é chamado Deus, mas “um fogo consumidor colérico”.
O Pai gera eternamente o Filho e o Filho ilumina o “vale escuro” do Pai. A Luz é o Segundo Princípio e somente de acordo com este Princípio Deus é chamado Deus. Portanto, o apóstolo pode dizer: “Deus é luz, e nele não há trevas algumas”.
«Sabemos que Deus é Espírito, e a Sua vontade eterna é mágica, isto é, desejosa; Ele faz sempre a substância a partir do nada, e isto numa fonte dupla, a saber, de acordo com o fogo e a luz. Do fogo vem a cólera feroz, subindo o orgulho, querendo não se unir com a luz, mas uma vontade feroz, colérica, ansiosa, fervorosa, segundo a qual Ele não é chamado Deus, mas um fogo feroz, colérico e consumidor. Este fogo também não se manifesta na Divindade pura, porque a luz engoliu o fogo em si mesma e dá ao fogo o seu amor, a sua substancialidade, a sua água, de modo que na substância de Deus há apenas amor, alegria e uma habitação agradável, e nenhum fogo é conhecido. Mas o fogo é apenas uma causa da vontade desejosa e do amor, como também da luz e da majestade, caso contrário não haveria substância: como foi exposto nos escritos anteriores.» Da Encarnação de Cristo, 1,11 e 44-48
Todos os Três Princípios residem na humanidade, pois nós, criados à imagem de Deus, somos seres trinos. Em Os Três Princípios 7,21-23, Jacob Boehme descreve como os Três Princípios aparecem na natureza humana:
«21. A Fonte das Trevas é o Primeiro Princípio, e a Virtude da Luz é o Segundo Princípio, e o Nascimento das Trevas pela Virtude da Luz, é o Terceiro Princípio; e a isto não é chamado Deus: Deus é apenas a Luz, e a Virtude da Luz, e o que sai da Luz é o Espírito Santo.
22. Tu tens uma semelhança disto em ti mesmo. A tua Alma, que está em ti, dá-te a Razão, pela qual tu pensas, consideras e percebes; a qual representa Deus o Pai. A Luz que brilha na tua Alma, por meio da qual tu conheces a Virtude ou o Poder em ti, e que te conduz e te dirige e te ordena; a qual representa Deus o Filho, ou o Coração, o Poder e a Virtude eternos. E a Mente, na qual está a Virtude da Luz, e aquela que procede da Luz com a qual tu governas o teu Corpo; a qual representa o Espírito Santo.
23. A Escuridão que está em ti, que anseia pela Luz, esse é o Primeiro Princípio. A Virtude ou Poder da Luz que está em ti, pela qual tu podes ver na tua Mente sem Olhos corpóreos, esse é o Segundo Princípio. E a Virtude ansiante, que procede da Mente, e atrai e preenche a si mesma, de onde o Corpo material cresce, esse é o Terceiro Princípio. E tu podes entender... como Deus é o Início e a Primeira Virtude em todas as Coisas; e tu entendes que neste corpo grosseiro, terrestre, tu não estás no Paraíso. Porque isto é apenas uma Procriação nebulosa, excrementícia, obscura, opaca, ou Nascimento no Terceiro Princípio.»
As Sete Propriedades
As Sete Propriedades (ou Formas, Qualidades, Espíritos-Fonte) procedem dos Sete Espíritos de Deus (Apocalipse 4,5 e 5,6). Os Três Princípios são a lógica ou estrutura do Ser Divino e da Criação; as Sete Propriedades são o Processo ou Movimento. Embora Boehme não tenha usado esta gramática, os Três Princípios podem ser entendidos como substantivos; as Sete Propriedades como verbos: atrair, resistir, rodopiar, reluzir, brilhar, soar, ser.
A Primeira Propriedade ♄
Saturno. A primeira propriedade é o desejo que causa e faz aspereza, agudeza, dureza, frio e substância. ATRAIR.
A Segunda Propriedade ☿
Mercúrio. A segunda propriedade é a agitação ou atração do desejo; faz arder, quebrar e dividir a dureza; ele separa o desejo atraído e leva-o à multiplicidade e à variedade; é a base da dor amarga, e também a verdadeira raiz da vida; é o Vulcano que incendeia. RESISTIR.
A Terceira Propriedade ♂
Marte. A Terceira propriedade é a perceptibilidade e sensibilidade na quebra da dureza áspera; e é a base da angústia e da vontade natural, onde a vontade eterna deseja ser manifestada; isto é, será um fogo ou luz, ou seja, um lampejo ou resplendor, onde os poderes, cores e virtudes da sabedoria podem aparecer: nessas três primeiras propriedades consiste o fundamento da cólera, e do inferno, e de tudo o que é colérico. RODOPIAR causado pela LUTA entre as duas primeiras propriedades.
As três primeiras propriedades são a roda da angústia que condiciona o nascimento da luz e da vida. Pensa numa turbina que superaquece e explode. A explosão é a quarta propriedade.
A Quarta Propriedade ☉
Sol. A quarta propriedade é o fogo, no qual a Unidade aparece e é vista na luz, isto é, num amor ardente; e a cólera na essência do fogo. RELUZIR, RAIO SOLAR, FLAMEJAR, SALNITRO FLAGRO.
O movimento insano da roda da angústia pára para se transformar num movimento harmonioso. Aqui a luz brilha das trevas e a vida nasce.
A Quinta Propriedade ♀
Vénus. A quinta propriedade é a luz, com a sua virtude de amor, na e com a qual a Unidade trabalha numa substância natural. O segundo princípio. BRILHAR, LUZ-AMOR.
A Sexta Propriedade ♃
Júpiter. A sexta propriedade é o som, a voz ou a compreensão natural, onde os cinco sentidos trabalham espiritualmente, isto é, numa vida natural compreensiva. SOAR, ALEGRIA.
A Sétima Propriedade ☾
Lua. A sétima propriedade é o sujeito, ou o conteúdo das outras seis propriedades, na qual elas atuam, como a vida faz na carne; e esta sétima propriedade é correta e verdadeiramente chamada de fundamento ou lugar da natureza, onde as propriedades estão num único fundamento. SER, CORPO.
As três primeiras propriedades correspondem ao Primeiro Princípio. Estas são as propriedades escuras, a roda da angústia e a fonte de toda a vida e movimento. A quarta propriedade é a ignição, através da qual as três primeiras irrompem no mundo da luz. A quinta, sexta e sétima propriedades correspondem ao Segundo Princípio, o mundo-luz. A quarta propriedade é o Terceiro Princípio, o mundo material onde a escuridão e a luz interagem e tudo é um intercâmbio de opostos. Todos os fenómenos são um intercâmbio ritmicamente equilibrado (um jogo do amor) dos sete princípios.
A primeira e a sétima propriedades devem ser consideradas como uma, também a segunda e a sexta, e também a terceira e a quinta, mas a quarta é a divisão.
«Agora, estas são as Sete Propriedades num único fundamento; e todas as sete são igualmente eternas sem começo; nenhuma delas pode ser considerada a primeira, segunda, terceira, quarta, quinta, sexta ou última; pois elas são igualmente eternas sem começo, e têm também um começo eterno a partir da Unidade de Deus. Devemos representar isto duma maneira típica, para que se entenda como uma nasce da outra, para melhor conceberes o que é o Criador e qual é a vida e a substância deste mundo.
As “primeiras” quatro propriedades são os Quatro Elementos: 1. Terra (Sal) 2. Água (Mercúrio) 3. Ar (Enxofre) 4. Fogo (Salniter). As primeiras quatro propriedades não são substâncias, mas estados – sólido, líquido, gasoso, plasma. Portanto, as três últimas – 5. Luz 6. Som 7. Corpo – também podem ser entendidas como estados.» Jacob Boehme, Chave 131-132.
As propriedades, tomadas de 1 a 7, descrevem o nascimento de Deus na alma. A concupiscência da carne, ou amor-próprio (1) está em desacordo com a aspiração espiritual (2), colocando a alma numa roda rodopiante de angústia (3). Então (4) “estes quatro espíritos movem-se no clarão, pois todos os quatro se tornam vivos nele, e agora o poder destes quatro surge no clarão, como se a vida se tivesse erguido, e o poder que se ergueu no clarão é o amor, o qual é o quinto espírito. (5) Este poder move-se de forma tão agradável e amável no clarão, como se um espírito morto se tornasse vivo e de repente fosse colocado em grande clareza ou brilho.” (Aurora 11,15-16) O brilho ilumina, a angústia mental termina e o alegre ressoar da mente (6) traz a luz interior à manifestação exterior (7).
Aqueles para quem a iluminação espiritual veio facilmente (e eles existem) podem perguntar-se porquê uma descrição tão misteriosa é necessária. Mas o Irromper é, muitas vezes, precedido por angústia, confusão e escuridão da mente. Aqueles que estão atualmente neste estado de angústia ficarão encorajados ao saberem que estão apenas a experimentar o que Jacob Boehme (ver Aurora cap. 19), e muitos outros, experimentaram. Da mesma forma, aqueles que experimentaram a iluminação e estão confusos ao encontrarem-se novamente na roda da angústia. “Ele não quebrará a cana rachada e não apagará o pavio que fumega”.
Os Sete Espíritos de Deus
“E do trono saíam relâmpagos, trovões e vozes. Sete lâmpadas de fogo ardiam diante do trono, que são os sete Espíritos de Deus”. Apocalipse 4,5.
“E olhei, e eis que no meio do trono e dos quatro seres viventes, e no meio dos anciãos, estava um Cordeiro como se tivesse sido morto, tendo sete chifres e sete olhos, os quais são os sete Espíritos de Deus enviados pata a terra toda”. Apocalipse 5,6.
«Todos os sete espíritos são gerados uns nos outros, uns continuamente gerando os outros, nenhum deles é o primeiro, nem nenhum deles é o último; pois o último gera tanto o primeiro quanto o segundo, terceiro, quarto e assim por diante até ao último. Mas porquê um é chamado o primeiro, outro o segundo, e assim por diante, isto é assim em relação ao que é o primeiro para a imagem, o enquadramento e a formação de uma criatura. Pois todos os sete são igualmente eternos, e nenhum deles tem começo ou fim; e, portanto, as sete qualidades estão continuamente a gerar uma a outra, e nenhuma existe sem a outra, segue-se portanto que existe UM Único Deus Eterno Todo-Poderoso. Porque, se alguma coisa é gerada fora ou no ser divino, essa coisa não é formada ou moldada por, ou através de, um só espírito, mas por todos os sete.» Aurora 10,3-6.
«Mas aqui tu deves saber que um espírito sozinho não pode gerar outro, nem dois deles podem fazê-lo, mas o nascimento de um espírito está na operação de todos os sete espíritos, seis deles geram sempre o sétimo, e assim se um deles não existisse, então os outros também não existiriam. Mas acontece que, às vezes, eu tomo apenas dois ou três para a natividade ou nascimento de um espírito, faço isso por causa da minha própria fraqueza, pois no meu cérebro corrompido não consigo suportar todos os sete de uma só vez na sua perfeição. Eu vejo todos os sete muito bem, mas quando especulo sobre eles, então o espírito eleva-se na fonte ou manancial mais central, onde o espírito da vida se gera, o qual vai ora para cima, ora para baixo, não consegue apreender todos os sete espíritos num único pensamento, ou de uma só vez, mas apenas em parte.» Aurora 10,31-33.
Os Sete Espíritos de Deus nas Quatro Tabelas da Revelação Divina:
1 - J - Abismo
2 - E - Vontade do Abismo - PAI
3 - H - Benção – deleite ou impressão da Vontade - FILHO
4 - O - Ciência ou Movimento - ESPÍRITO
5 - V - DEUS em TRINDADE
6 - A - PALAVRA em DEUS
7 - H - SABEDORIA
Os Sete Espíritos de Deus manifestam-se no Terceiro Princípio (o mundo exterior, material) como as Sete Propriedades da Natureza.
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