Teosofia Prática – Da morte da Vontade

  1. Sim, respondeu a Vontade criatural;
    eu não posso nada sem Cristo, eu não posso alienar nada por mim própria, nem dar nada a Deus que Ele não o permita;
    se Ele quer levar-me ao combate contra mim própria, que Ele me arme com o Espírito da oração, a fim de que eu possa perseverar.
    Porque aquele que põe a mão no arado e que desiste, é incapaz do reino de Deus.
    Eu prefiro permanecer na minha simplicidade do que me esforçar por coisas superiores;
    portanto, eu permaneço pacífica e tranquila;
    se eu não sou chamada à sexta hora, Deus pode chamar-me na décima primeira;
    quem se carrega a si próprio com uma cruz, deve carregá-la;
    se Deus quer dar-me uma, Ele saberá bem onde encontrar-me.
  2. Resposta: Tudo isso é verdadeiro, caro amigo, a tua opinião é muito boa;
    mas tu diabolizas-te mais uma vez, tu cobres a tua consciência com folhas de figueira, pensando que Deus não vê o teu egoísmo numa tal obscuridade.
    Se tu não o sabias, e se a Vontade de Deus não te fosse manifestada, seria preciso que tu te pudesses proteger do Fogo penetrante da cólera divina.
  3. No entanto, tu sabes bem que não é diante do porqueiro que Deus o Pai se precipita, mas ao encontro daquela Vontade convertida, que concebe dentro do seu coração um desejo e que se dirige para Ele com uma humildade profunda;
    e apesar dela ainda estar longe, Ele abraça-a, beija-a e habita nela.
  4. A tua vontade vê muito bem que, mesmo se ela só concebesse um desejo por Deus, esse Deus se apressaria ao seu socorro e a armaria com a Sua força; mas ela ama-se demasiado e teme perder a sua vida quieta segundo a Carne e o Sangue.
  5. Ela deveria desejar sair da estrebaria do Diabo;
    perder a sua própria Natureza, morrer e encontrar um adversário violento que a precipite para fora da sombria Raiz ígnea juntamente com a dúvida, a angústia, a incredulidade, a impaciência e a cólera.
  6. Exteriormente, ela será oprimida, flagelada, difamada, atormentada, odiada e desprezada, e considerada como louca por esses porcos;
    como abandonada por Deus e pelos homens, ela será pregada na cruz e gritará: «Meu Deus, Meu Deus! Porque Tu me abandonaste?»
    Onde é que a vida natural tomaria a sua subsistência?
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