Anfiteatro da Sabedoria Eterna - 31 de Março
Versão antiga ou Vulgata | Passagens citadas da Sacro Santa Escritura | Nova tradução dos Provérbios a partir do hebreu, e da Sabedoria a partir do grego |
90. → Vai à formiga, ó preguiçoso, e considera as suas vias, e aprende a Sabedoria. | Pr 6, 6. | 90. Vai à formiga, preguiçoso; observa as suas vias e sê sábio: |
- Vai à formiga - Não apenas à formiga, mas também a todos os animais, quais quer que sejam; porque em cada um deles tu verás brilhar uma chama da Sabedoria ou da Prudência.
Aventinus, nos Anais dos Boios, ou antigos Germanos e Gauleses, prova com histórias prolixas que a castidade conjugal da Cegonha é muito rigorosa, de tal forma que se o macho surpreendesse a sua própria fêmea em adultério (se essa impudência tivesse lugar), ele despedaçava-a e dilacerava-a com os pintainhos concebidos pela mãe em adultério.
Sobre a fidelidade dos Cães existe uma falácia que não tem falta de elegância, de Jacob Mycillus, cujo começo é:
Entre todos os quadrúpedes, como muito fiel,
Entre todos os quadrúpedes, como um prazer,
Entre todos os quadrúpedes, como seu Rei,
O cão é conhecido, venerado e admirado, etc.
Vê em Plutarco, no livro da Indústria dos Animais um grande número de exemplos escolhidos, da fidelidade do cão.
Uma idéia da fidelidade, da constância, da coragem, da graça e da suavidade do belo cãozinho ternamente amado por Júlio César Scaliger é-nos dada pelo seu epitáfio, na primeira parte dos poemas do seu Mestre. Os exemplos doutros cães não faltam em quase todos os locais que quisermos.
O Elefante, o maior dos animais terrestres é dócil, clemente, prudente, dotado de uma excelente memória; "filanthropon", amigo do homem, segundo Plínio, liv. 8 da sua História Natural, e Juste Lipse, nas suas Cartas, segundo também o testemunho da experiência de cada dia; porque testemunhos oculares e dignos de fé afirmam que deu no nosso tempo exemplos de magnanimidade, em Antuérpia, em Lisboa, e em Viena.
A Cotovia também é famosa junto dos sábios, devido ao elogio que dirige maravilhosamente a Deus e da ação de graças que lhe presta pelos seus Dons e os seus Bens; porque é reconhecido que sete vezes, voa ao alto depois volta a descer antes de apanhar da terra um único grão para o seu alimento. Não é isto louvar a Deus de forma racional e prestar-lhe graças? Elas são nisso muito mais sábias que um grande número de seres humanos desumanos.
Quem ensinou à andorinha a construir para si uma casa com tanta arte?
Há sobre a terra, diz Agour, filho de Iakeh (Pr 30, 24, etc.) quatro coisas extremamente pequenas; e elas são mais sábias que as pessoas mais sábias: as formigas, esse povo ínfimo que prepara o seu alimento durante a colheita; as pequenas lebres, esse bando fraco que estabelece a sua residência nos rochedos; o gafanhoto que não tem rei e que anda em bandos; o lagarto que anda sobre as mãos e vive no palácio do rei.
Um campo vasto se abriria se nós quiséssemos tratar dos vestígios da Sabedoria e da Prudência nos diferentes animais. Mas o pouco que foi dito (o mais que foi possível aqui) é suficiente.
Acrescentarei aqui: Plutarco conheceu isto quando disse que os "zôa aloga" ou animais brutos eram "logika", quer dizer dotados de razão: (senão completamente, ele pôde dizer que eles tinham pelo menos alguns átomos ou chamas de razão e de virtudes) o que Lactâncio igualmente estabeleceu, e que nos nossos dias Guillaume Onciacus defendeu ao tratar por escrito dos mistérios dos números.
E todos convictamente pensaram bem que, (e na minha opinião igualmente) visto que uma chama da Sabedoria Divina brilha em todos os animais, quer dizer terrestres, aquáticos e aéreos, eles não são completamente irracionais, mas num grau bem inferior aos seres humanos, porque nestes a Sabedoria brilha, de forma muito mais abundante.
Temo efetivamente que, se o Criador tivesse dado a alguns animais (porque todos os seres humanos não são prudentes e sábios ao mesmo grau) as vantagens da palavra, isso teria sido suficiente para lhes dar tudo o que lhes falta.
Mas a falta de linguagem falada é compensada pela linguagem das obras e dos atos; que aqueles que o experimentaram decidam.
As Criaturas que gemem, das quais fala S. Paulo (Rm 8, 22), não significam outra coisa.
Podem objetar estas palavras do Salmista: Aqueles em quem o intelecto não existe. A objeção é realmente fraca. Não há o costume de dizer o mesmo dos seres humanos veementes, impulsivos e ferozes que no entanto, não são destituídos de razão?
Deus é admirável nas suas obras; todo o universo fala e testemunha a sua Bondade, a sua Omnipotência, a sua Sabedoria e manifesta-as (tanto particularmente como universalmente) de forma que aqueles que observam Deus falando macro-cosmicamente serão aqueles que o compreenderão.
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