Anfiteatro da Sabedoria Eterna - Apêndice Prefácio



HENRI KHUNRATH, de Leipzig, "amante fiel da teosofia e doutor numa e na outra medicina", como ele se nomeia a si próprio, tanto douto cabalista como profundo alquimista, publicou, em 1609, uma admirável síntese da ciência oculta a que chamou Anfiteatro cristiano-cabalístico da única verdadeira Sabedoria eterna. Esta síntese compreendia duas partes: uma, mística, revelava, por uma interpretação esotérica, as verdades escondidas sob as más traduções publicadas até então do Livro da Sabedoria; a outra, hieroglífica, expunha em doze pranchas os mistérios da ascensão da alma pela escada do saber, ensinando a procura da via, as fontes da vida, a sublime grandeza da verdade e também a sua assustadora simplicidade.

Esta obra foi a bandeira ao redor da qual lutaram os rosa-cruz de 1610, contra a qual se conluiaram os doutos oficiais, os ignorantes, os receosos, de então, de qualquer parte que eles fossem. Schweighardt, Irenaeus Agnostus, Michel Maier, Robert Fludd estiveram entre os mais ativos defensores desta cidadela hermética onde Henri Khunrath tinha encerrado a tábua de Esmeralda, o Liber M de Paracelso e o túmulo de Christian Rosenkreutz.

Desde essa época até nós a personalidade de Khunrath conservou-se no seu caráter completo através das épocas. O seu sistema abraça tão completamente o universo visível e invisível, iluminando tão bem as profundidades da vida mineral como as esferas invisíveis do mundo intelectual, que permaneceu um mestre admirado por todos aqueles a quem a ciência secreta soube cativar. O seu
Anfiteatro deveria ser o livro de estudo de todos aqueles que trabalham por se aproximarem da verdade; mas este livro tornou-se raro.

Pareceu-nos que seria ao mesmo tempo prestar uma homenagem a uma alta inteligência, e ser útil àqueles que procuram, o reeditar das pranchas reveladoras do
Anfiteatro. O que nós publicamos hoje constitui toda a obra simbólica de Khunrath; é um caminho em direção à Sabedoria que um grande iniciado nos revela com um gesto silencioso. Compete a cada um, segundo os seus esforços e as suas pesquisas, de comentar e de caminhar sobre esta via.

Drs. Marc Haven e Papus.


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