Anfiteatro da Sabedoria Eterna - Introdução à Terceira Figura (7)


VI.

COMO É QUE RUACH ELOHIM, PELA MEDIAÇÃO DO CÉU
criou, concebeu e fez corpo verdadeiro, perceptível aos sentidos, no útero virginal do Mundo primogénito (do Caos criado), quer dizer Terra vazia e inana e Água ?

É verdadeiramente a opinião e o consenso unânimes dos filosofantes que os Extremos não se podem juntar, unir-se e copular sem um mediador que lhes convenha.

Ora Ruach Elohim, Espírito (por Essência) Divino, incriado, simplicíssimo, isento de qualquer massa corporal, móvel espontaneamente e per se, polupoikilos, quer dizer multiforme ou cheio de formas, e mesmo a ipsíssima Forma das coisas; e o Abismo, a Matéria tenebrosa, incapaz por si própria de movimento, tri-una, quer dizer Céu, Terra inana e vazia e Água, Ser (Ens) corporal, confusamente misturado, desde o princípio criado do nada, quer dizer de nenhuma substância ou princípio material existindo per se, por Deus Ele Próprio (porque é apenas a ele que pertence criar, ktidsein), são estes realmente os extremos.

Assim, pelo intervalo do Céu, do Mediador participando à sua maneira nos dois extremos (porque ele é corpo espiritual e Espírito corporal) Ruach Elohim (pela benigna vontade do único Iahweh em descendo e insinuando-se na circunferência e todas as partes mais secretas e em dispersando, no mais íntimo e no mais profundo, as Centelhas ou Raios da sua fecundidade) penetrava até ao Centro nesse Ser (Ens) Criado todo inteiro; assim ele informava (por ele próprio) com uma Forma essa massa ou mole enorme, dura (Kaos) confusa e informe, seminal do mundo futuro, ulê ou matéria enlameada, Virginal (porque ela não tinha ainda nem concebido nem produzido anteriormente); ele amava-a e impregnava-a com uma Alma puríssima; ele permeava, enchia de calor, vivificava e fecundava aquilo que era Tohu Va Bohu, vazio e inane; ele iluminava o que era tenebroso, distinguia o que era confuso, ornava o que era rude e despolido; ordenava o que era confuso e desordenado; e foi assim concebido no seu Útero ou Centro (pelo qual tudo ainda hoje se move, se sustenta e se conserva) íntimo (o Espírito etéreo, quer dizer o Céu, servindo como foi dito, de intermediário) e concretizado e feito corpo ou corporal.

Observa e admira agora esse mistério típico, a concepção, digo eu do Servidor e Salvador de um e do outro Mundo; do Mundo maior e do Mundo menor ou género humano.

Sobre este último nós lemos aquilo que está escrito: Verbum caro factum est; sobre o primeiro nós sabemos pela Cabala que Ruach Elohim foi feito corpo.

E: Deus manifestou-se na carne, e o Espírito de Deus manifestou-se no corpo.

Este é filho do Mundo maior, Deus e criatura, católico; aquele é filho de Deus, theanthrôpos; quer dizer Deus e homem; um foi concebido no útero do Mundo maior, o outro no útero do Mundo menor, um e outro Virginais.

Ensoph! Ensoph! profundidade das profundidades e altitude das altitudes.

Eu digo sem nenhuma blasfémia: A Pedra dos Filósofos, Servidor do Mundo maior está no Livro ou Espelho da Natureza, o tipo de Jesus Cristo crucificado, Salvador de todo o género humano, quer dizer do Mundo menor.

Conhece naturalmente o Cristo pela Pedra; e aprende Teosoficamente o que é a Pedra pelo Cristo.

Eu não me afasto em nada aqui do Livro da Sacro Santa Escritura.

Este modo admirável de ensinar e de aprender agradou ao Deus admirável; que agrade igualmente quer a mim quer a ti.

Que a fraternidade cristã, eu peço-te, julgue e aprecie. E eu, sou cristão pela graça de Deus; e quero sê-lo e continuar a sê-lo.


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