Teosofia Prática – Do corpo animal

  1. É para expor tudo isto ao leitor, com algum detalhe, que eu lhe quero mostrar nas FIGURAS a constituição do homem triplo.
  2. A primeira FIGURA representa o corpo animal.
    (Porque o corpo paradisíaco está destruído e desconhecido.)
    Os sinais mostram as numerosas formas dos elementos que aí se manifestam.
  3. Entre eles, a bílis e o suco gástrico causam a COCÇÃO1 estomacal, e pelo excesso ou carência de uma ou de outra substância, a ARCHAEA2 se corrompe e todos os tipos de doenças se declaram no corpo.
  4. Vejam a nossa miséria, em que podridão a vida está prisioneira e como a morte a rodeia por todos os lados;
    nós não sabemos se, num instante, um ou outro elemento não se vai sublevar no corpo, abafar a vida, afogá-la, ou secar o húmido radical.
  5. No entanto, nós ocupamo-nos com esse animal, nós o ornamentamos com estofos e tecidos, nós o embelezamos com jóias, pérolas, ouro e prata, nós o enchemos com todos os tipos de alimentos requintados, e nós perdemos frequentemente a nossa alma por causa dele.
  6. Quando nós atingimos esse paraíso terrestre, a morte vem dar o corpo a devorar à terra e aos vermes, e a alma ao Fogo obscuro e infernal: para muitos ela chega cedo e sem se anunciar;
    e ela não se vai embora sem grandes angústias, assim como eu observei nos agonizantes.
  7. O Espírito de vida desse ser humano terrestre é o ar, com as suas sete Formas, terrestres e SIDERAIS;
    a sua visão é luz do sol;
    o seu CENTRO é a Treva eterna, que o aprisiona se ele não conseguir chegar à regeneração.
  8. Como a alimentação do ser humano é confiada ao grande Espírito sidérico do Mundo e aos elementos, estes últimos empregam-se com toda a sua força por obter a sua direção.

Notas

  1. Termo alquímico. Qualquer processo no qual o calor foi aplicado por um longo período. Este termo geralmente implicava aplicações menos extenuantes de calor do que calcinação, mas era usado de forma mais ampla do que decocção. [  ]
  2. A força que no corpo humano separa e transforma os alimentos recebeu vários nomes por parte de Paracelso: às vezes é chamada de “mestre Vulcano”, às vezes qualificada como “Alquimista” ou mesmo “Archaea”. Falando em pão, Paracelso evoca duas transformações alquímicas: primeiro do trigo em farinha e depois deste em pão, realizada por um Vulcano externo; então a metamorfose do pão em sangue e carne, realizada no estômago pelo Vulcano interno. A Archee do estômago separa os bons ingredientes em carne e sangue, dos maus que são então expelidos como resíduos. A imagem do "alquimista interno" pode fornecer-nos uma metáfora para entender a digestão. Para Paracelso, alquimistas internos e externos são realidades da mesma natureza: eles são, portanto, reações (al)químicas. [  ]
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