Anfiteatro da Sabedoria Eterna - 17 de Dezembro


Versão antiga ou Vulgata Passagens citadas da Sacro Santa Escritura Nova tradução dos Provérbios a partir do hebreu, e da Sabedoria a partir do grego
351. (Porque) → A velhice é venerável, não (no entanto) pelo comprimento da vida nem pelo número dos anos realizados. → Mas o sentido do ser humano são os seus cabelos brancos.
Vers. 9: e o tempo da velhice é a vida imaculada.
Pr 16, 31: → A velhice é uma coroa de dignidade; ela encontra-se nas vias da Justiça.
Sb 4, 8. 351. A velhice é honrada, não porque ela obteve o comprimento da vida, nem pelo número determinado dos anos.
Vers. 9: Mas os cabelos brancos são para os Seres Humanos, a Prudência; e o tempo da velhice é a vida sem nenhuma nódoa.
Pr 16. 31: A velhice é uma coroa de glória, ela é encontrada na via da Justiça.


  • A velhice é venerável - A dignidade e a autoridade da velhice não provém de modo nenhum dela ser considerada por causa do comprimento da vida ou o longo espaço dos anos, mas antes pela Sabedoria e a Prudência que constituem o ornamento desta idade e pela vida de modo nenhum deformada pela nódoa dos crimes enormes, quer dizer pura e integra, puramente e castamente passada.

    Assim duas coisas constituem a verdadeira velhice e o ornamento dos anos da velhice, quer dizer a Prudência e a Integridade ou pureza da Vida.

    Esta idade não recusa os jovens, por forma que nós podemos igualmente bem, e às vezes discernir ligeiramente melhor que certos velhos ineptos, porque não é da idade mas do génio e da inspiração Divina que provém a Inteligência.

    Não é o número dos anos e a multidão dos dias que dão a Sabedoria verdadeira; mas é o génio (Ingenium) que, celestialmente infundido pelo Espírito do Senhor, fornece a Sabedoria, mesmo às crianças; o que, no livro de Jó (32, 6), é atestado por várias razões de Eliú, filho de Baraquel da raça de Buz.

    Quando Samuel era uma criança pequena, recebeu o Espírito do Senhor (1Sm 1).

    A Sabedoria Heróica, a virtude e a felicidade estavam em David, um efeito especial da presença do Espírito da Sabedoria, e das operações particulares do Espírito Santo.

    Porque não eram somente dons da natureza, mas a Luz do Filho de Deus estava na sua alma e um movimento ardente do Espírito Santo na sua vontade e no seu coração.

    Foi ele que, não tendo ainda vinte anos, foi ungido por Samuel por ordem de Deus e cheio pelo Espírito-Santo (1Rs (Sam.) 16, 13); e se nessa circunstância todos os sábios deste mundo imundo tivessem prestado assistência a Samuel, eles teriam julgado sem nenhuma dúvida que os mais idosos dentre os filhos de Isaías seriam mais apto à governação, assim como Samuel ele próprio foi desapontado no início pela aparência exterior; mas Deus, não tendo atenção nem à idade nem à natureza nem a nenhuma outra prerrogativa carnal, transmitiu a realeza ao David adolescente, criou-o, fortificou-o, guardou-o, ajudou-o, enquanto que os seus outros irmãos foram menos estimados; e David suportou pacientemente a inveja deles.

    É o que ele próprio diz (2Rs (Sam.) 23, 2): O Espírito do Senhor falou por mim, e o seu discurso está na minha língua.

    E (Sl 119 (Vulg. 118), 99 e 100): Eu compreendi acima de todos os que me ensinavam, porque os teus testemunhos são a minha meditação. Eu compreendi mais que os velhos, porque eu procurei os teus mandamentos.

    E no versículo 130: A declaração dos teus discursos ilumina e dá intelecto aos pequeninos.

    Salomão na sua juventude recebeu a Sabedoria (1Rs 3, 12).

    Daniel, criança de doze anos, é cheio pelo Espírito-Santo.

    Às quatro crianças, Daniel, Anania, Mizael e Azaria (Dn 1, 17), Deus dá a Ciência e a Disciplina em toda a liberdade e toda a sabedoria; e a Daniel a inteligência de todas as visões e sonhos.

    E todas as palavras e intelectos da Sabedoria, sobre os quais o Rei os interrogou, ele considerou-os dez vezes melhores neles que em todos os adivinhos e magos que estavam na extensão do seu reino.

    Jesus, filho de Sirac, diz: Quando eu era ainda jovem, antes de me ter afastado, eu procurei abertamente a Sabedoria na minha oração; desde a minha juventude tenho procurado encontrá-la (Eclo 51, 18-19).

    O Apóstolo S. Paulo não quer que Timóteo (que era jovem) seja desprezado por causa da sua juventude (1Cor 16, 11).

    E Jeremias ouviu do Senhor: Não digas: Sou apenas uma criança: porquanto irás procurar todos aqueles aos quais te enviar, e a eles dirás o que eu te ordenar (Jr 1, 7).

    E em Eclesiastes 4, 13, é dito: Mais vale uma criança pobre e sábia que o rei velho e louco que não sabe prever para o futuro.

    E todos estes exemplos são realmente tomados na fonte da Sacro Santa Escritura.

    E se nos fosse permitido, Deus bom, de nos estendermos também a todos os outros, que campo nos seria aberto aqui para descobrir. Mas abordaremos apenas alguns.

    Quando Alexandre o Grande (pelo nome e pelos atos) era ainda jovem, havia nele uma admirável força da Natureza, pela qual ele ultrapassava também em prudência os velhos mais sábios, por causa de uma sagacidade de génio pela qual ele podia julgar perfeitamente as coisas presentes e prever as eventualidades futuras.

    Quando os Vénetos enviaram homens imberbes ao Imperador do Oriente e que o Tirano ficou indignado como se eles tivessem sido enviados por insulto, um deles respondeu-lhe intrepidamente: Não se deve proferir um julgamento sobre as pessoas e as suas doutrinas segundo apenas a sua idade, porque se fosse assim, os bodes encontrar-se-iam numa condição melhor que a das pessoas.

    Aquele a quem a virtude eleva não deve ser desprezado, mesmo que ele próprio seja jovem.

    Quais e quantos grandes chefes de exércitos, do nosso tempo: Mauritius Nassovius, Sigismundus Transylvanus, Donb lohana Austria, etc., nascidos por uma singular influência para estes atos, se têm distinguido, ainda jovens, contra anciãos, isto não pode ser obscuro para ninguém, exceto para aquele que é completamente ignaro da condição histórica.

    Porque Deus, Altíssimo e Todo Poderoso Soberano Monarca do Mundo, quando ele tenciona estabilizar ou transferir os reinos mundanos, excita da mesma maneira os órgãos pelos quais ele confere a autoridade, quer dizer o Temor, a Justiça, a Sabedoria, o Conselho, a Felicidade dos sucessos, e dos quais nenhum entre os mortais, mesmo muito poderoso, pode impedir os desígnios. Porque os seus heróis são revestidos e armados por uma força invencível e sobrenatural.

    Os nomes, os fatos e gestos destes estão inscritos no céu corruptível; é por isso que os Astrónomos hábeis (não por exemplo estes vulgares sofistas calculadores, mas aqueles que conhecem a arte dos Magos vindos do Oriente) podem verdadeiramente e perfeitamente procurar todos os fatos e gestos e os expor com mais segurança ainda que pelas letras, mesmo que todos os livros históricos fossem destruídos, o que poderá parecer incrível aos ignaros.

    Pelo contrário, os nomes, os fatos e gestos dos Heróis da Igreja cuja virtude se manifestou poderosamente na juventude dos seus corpos e das suas idades, como os de José, Samuel, David, Salomão, Daniel, não estão inscritos no céu corruptível, mas no céu eterno, onde podem ser lidos por todos os eleitos.

    É por isso que portanto, não se deve procurar o número dos anos em presença do natural excelente, nem considerar a idade naquele que brilha pela virtude e que tem a força nas suas mãos.

    Estas palavras de Valério Máximo (liv. 3, cap. 1), vêm extremamente a propósito: É iníquo pensar que ainda não é apropriado prestar homenagem àquele que já é maduro pela virtude.

    E a nossa época não é completamente destituída de exemplos. Porque há (graças a Deus) e poder-se-ia ainda encontrar alguns hoje nos quais o génio e a prudência rápida das coisas veio antes da barba, como canta o Poeta Aulus Persius, Sátira 4: Jovens pelo corpo, anciãos pelo espírito.

    Pelo contrário, os Alemães dizem: Considera-se o ancião como um louco, principalmente porque eles estão todos são cheios de tolices.

    Do mesmo modo eles dizem ainda: A velhice nunca combate contra a loucura.

    E: O velho é duas vezes criança. Porquê? porque o delírio cresce com a velhice como diz o provérbio.
  • Mas o sentido do ser humano são os seus cabelos brancos, etc. - Estas palavras são preciosas e dignas de nota e que é preciso lançar aos velhos loucos de longa barba que desprezam e gracejam grosseiramente da juventude Teo-Soficamente Sábia e Prudente.

    Aqueles que são instruídos pelos dons heróicos, possuem antes dos anos, uma alma e qualidades viris.
  • A velhice é uma coroa de dignidade, etc. - Isto é muito verdadeiro, mesmo nos pagãos, porque Ovídio diz (Fast., 6):

    Grande era antigamente a reverência pelos cabelos brancos,
    E as rugas dos anciãos tinham o seu preço.

    Mas a velhice de quem ? O Sábio responderá: Daquele que se encontra nas vias da justiça. Porque dois homens foram encontrados por Daniel nas vias da injustiça, e apesar de serem velhos foram dignamente lapidados.

    De que proveito e utilidade é a velhice se a probidade e a constante integridade da vida não lhe forem adicionadas, e se as pessoas não envelhecem em probidade e na Sabedoria?

    O jovem verdadeiramente sábio é, confesso, um pássaro raro; no entanto foi encontrado, é encontrado ainda hoje, e será encontrado.

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