Anfiteatro da Sabedoria Eterna - 2 de Dezembro


Versão antiga ou Vulgata Passagens citadas da Sacro Santa Escritura Nova tradução dos Provérbios a partir do hebreu, e da Sabedoria a partir do grego
336. Se dormires, não temerás; tu repousarás e → o teu sono será salvo. Pr 3, 34. 336. Se estiveres deitado não temerás, quando repousares o teu sono será salvo.


  • O teu sono será salvo - E, dormindo, no espelho da Alma virginal, quer dizer purificada pela loção da penitência, das sujidades dos pecados, tu serás avisado, ensinado, instruído, cheio com a Doutrina fetalífera por visões Divinas.

    A alma tranquila é como um banquete perpétuo (Pr 15, 15).

    E S. Agostinho diz-nos: O rico em consciência dorme mais seguramente na terra que na púrpura.

    Sobre as Visões hipnóticas ou as Revelações soníferas ou as insónias Divinas e indicadoras dos presságios, contenta-te Laconicamente com isto: A Alma, completamente livre de todos os cuidados condenáveis, sóbria e sã num corpo são, Rainha e Dominadora das suas afeições e dos seus vícios, em poder dela própria e penetrada Teosoficamente por ela própria, pode com direito empreender de conhecer e explicar os segredos de todo o Universo criado (porque ele é uma partícula do favor Divino do Criador do Universo), de ser unida aos Espíritos Bons; de recensear as coisas passadas, de contemplar as Novas, de prever as futuras, enfim de se representar Divinamente como num espelho os mistérios e o autor de todas as coisas (pela irradiação dele próprio).

    Sumário: A nossa Alma junta ao Espírito da Sabedoria de Deus, penitencialmente lavada e purificada, Teo-Soficamente elevada pelas asas e sublimada pelo fogo do amor Divino no Agiostérium, quer dizer o Santuário dos bons Espíritos ou dos Anjos de Deus (o que pode ocorrer para o ser humano, quer acordado quer a dormir) compreende, recebendo-as Cabalisticamente, as coisas Espirituais, contempla as coisas supracelestes, vê muitas coisas Físicas em e pelas Hiperfísicas (não apenas per se, mas ainda pelos sentidos e as coisas sensíveis intermediárias); as suas forças inferiores estando adormecidas e absorvidas, quer dizer estando em êxtase ou exteriorização (excessus) ou rapto em Deus soberano, ela compreende as coisas mais elevadas, quer dizer Divinas; ela vê e apreende inefavelmente Todas as Coisas.

    O exórdio do Pimandro de Hermes Trismegisto (que sendo inspirado pelo Espírito Divino) pode ser trazido aqui devido à excelência da sua Doutrina: Como eu pensava na Natureza das coisas, diz ele, e como eu dirigia toda a acuidade do meu Espírito para as coisas superiores, os sentidos do corpo estando já adormecidos como acontece àqueles que, por um excesso de alimento ou pela fadiga, são mergulhados no sono, subitamente pareceu-me perceber qualquer coisa imensa pela magnitude do corpo que, chamando-me pelo meu nome, gritou assim: Que desejas tu, ó Mercúrio, aprender e compreender? Eu sou Pimander, Espírito da Divina Potência; vê o que queres; porque eu estarei por toda a parte contigo. E eu, desejo aprender a natureza das coisas e conhecer Deus. E Pimander respondeu: Eu ensinar-te-ei a conhecer-me a mim em todas as coisas que tu tiveres escolhido. Tendo dito isto, ele mudou de forma e revelou-me subitamente a universalidade das coisas.

    S. Cipriano, Cartas, liv. 9, Carta 9: Recordo-me, diz ele, daquilo que me foi mostrado e que o Senhor me considerou digno de receber a revelação, e estas visões não devem ser tidas por ridículas e ineptas como ocorreu com José, cujos irmãos disseram: Eis o nosso sonhador. São estas verdadeiramente.

    E este julgamento dos irmãos sobre o irmão deles? É bastante sintomático! Eu não fico surpreendido se os meus irmãos mundanos tiverem este mesmo julgamento sobre mim.

    Como quer que seja, continua a ser no entanto certo que aqueles aos quais Deus se revela (quer mediatamente, quer imediatamente) não devem ser tidos por vãos sonhadores.

    Cícero diz: Há em nós qualquer coisa que prevê e adivinha. O quê? A Alma (mens) que prevê os bens e os males.

    Há vários exemplos tanto na nossa época como na antiguidade, que eu reservo para um lugar mais cómodo; para o qual eu reservo um grande número, com ampla dedução.

    Eu acrescentaria, para terminar, esta passagem do livro Epidorpidum de Júlio César Scaliger, sobre a verdade dos sonhos:

    Quem nega os sonhos verdadeiros, sonha ele próprio quando fala;
    Porque nós observamos mais de uma vez e muito frequentemente
    Que é muito raro passar uma noite sem sonhar.

    Muito instruído na verdade, eu falo não pela minha própria causa, mas pela dos Tomistas. Ó quem é mais feliz do que aquele que está liberto de todas as preocupações!

[ Anterior ] [ Índice ] [ Seguinte ]


Início » Textos » Anfiteatro » Sexto grau » 2 de Dezembro