Anfiteatro da Sabedoria Eterna - 29 de Junho


Versão antiga ou Vulgata Passagens citadas da Sacro Santa Escritura Nova tradução dos Provérbios a partir do hebreu, e da Sabedoria a partir do grego
180. → As Sortes são colocadas na dobra de um casaco; mas elas são moderadas pelo Senhor. Pr 16, 33. 180. A Sorte é lançada na dobra de um casaco, mas o julgamento dessa sorte provém de Iahweh.


  • As Sortes são colocadas na dobra, etc. - Se as sortes, assim lançadas, tratam de coisas secretas, abstrusas, escondidas para nós, difíceis e obscuras, ou se pelo contrário são úteis, salutares, e infinitamente necessárias (nas grandes angústias e necessidades), é portanto necessário que muitas sejam ilícitas e proibidas na página sagrada, visto que elas próprias são moderadas pelo Senhor, quer dizer regidas pela Divina Providência; visto que elas são verdadeiramente a Resposta Divina.

    Sobre isto nós possuímos, na recolha das Santas Escrituras, não apenas mandamentos muito claros mas também testemunhos e exemplos expressos, quase inumeráveis.

    Estes testemunhos são os seguintes (Is 34, 17): «Ele Próprio (o Senhor) enviou a sua sorte (ao dividir a Terra de Canaã pelo povo Israelita) e a sua mão dividiu-a entre eles com medida.»

    E o Sábio exclama (Pr 18, 18): «A sorte comprime as contradições e julga mesmo entre os poderosos.»

    É portanto com razão que o Poeta Divino e Profeta Rei entrega as suas sortes ao Senhor dizendo: «Nas tuas mãos, Ó Senhor, estão as minhas sortes» (Ps 31, 16; vulg. 30, 15).

    Os exemplos são numerosos e encontram-se com frequência nos livros santos; é ordenado por Deus a Aarão, irmão de Moisés, que quando estivesse diante do Senhor à entrada do tabernáculo do testemunho, que lançasse a sorte sobre dois bodes, para saber qual é aquele que será para o Senhor e qual é o que será o bode expiatório; afim de oferecer pelo pecado aquele sobre o qual cair a sorte que o destinava ao Senhor, etc. (Lv 16, 8)

    Quando o povo de Israel violou o pacto de Deus ao roubar aquilo que tinha sido atingido com anátema, e que foi vencido por causa disso pelos seus inimigos, as pessoas da cidade de Hai, pensaram fugir, então Iahweh procurou pela sorte qual era o anátema, primeiro lançando a sorte sobre as tribos, depois sobre todas as famílias da tribo designada, depois sobre todas as casas dessa família, depois por fim sobre todos os membros da casa, procurando assim a própria pessoa, autor do anátema (Js 7, 14 e seguintes).

    O Profeta Samuel, elegendo e designando pela sorte aquele que seria chamado a ser o Rei dos Israelitas, lançou-a sobre todas as tribos de Israel, e a sorte caiu sobre a tribo de Benjamin; lançou outra vez a sorte sobre a família de Metri; e chegou em seguida a Saul, filho de Cis (1Rs 10, 20).

    E um pouco mais adiante (1Rs 10, 24), Samuel disse então ao povo todo: «Vejam portanto aquele que o Senhor elegeu (pela sorte) porque não existe ninguém semelhante a ele em todo o povo.»

    Do mesmo modo também David, o Profeta Real, dividiu ele próprio os Levitas pela sorte (afim de saber por qual ordem eles deviam entrar para realizar o seu ministério na casa do Senhor), tal como se pode ler em 1Cr 24, 31.

    Foi assim que Jonas foi reconhecido pela sorte como sendo a causa de toda a tempestade que punha o navio em perigo (Jn 1, 7).

    A sorte lançada na urna colocada na frente de Hamã caiu sobre o duodécimo mês chamado Adur como sendo aquele em que a nação dos Judeus devia ser exterminada (Es 3, 7).

    E com efeito, todos os Judeus faziam penitência vestidos apenas com um saco e a cabeça coberta de cinzas, clamavam em voz alta a Deus e oravam-lhe ardentemente com jejuns, lágrimas e gemidos (de acordo com o cap. 4, vers. 1 e 2) afim de obterem graça e misericórdia de Deus; portanto, indubitavelmente, esta sentença (da exterminação dos Judeus) ordenada pela sorte (intérprete da vontade Divina) não devia nunca ser comutada nem revogada.

    Pode-se também considerar os exemplos do Novo Testamento: O lugar do ministério e do apostolado de Matias (afim de que substituísse Judas que tinha saído devido ao seu crime) não foi designado pela sorte? (Ac 1, 26).

    Deus ele próprio aprovou este método quando ordenou aos Israelitas que distribuíssem pela sorte a terra de Canaã.

    Mas de tal forma, disse ele (Nm 26, 56), «que tudo o que for atingido pela sorte será recebido pelo maior número ou pelo menor número.»

    E (Nm 33, 54): «Dividam entre vocês pela sorte a Terra (que eu vos dei em possessão); vocês darão a maior parte ao maior número e uma menor parte ao mais pequeno número; e cada um, de acordo com o que designar a sorte, receberá assim a sua herança, e a possessão será dividida por tribos e famílias.»

    E este costume de designar pela sorte esteve sempre em uso.

    Porque era assim que os Romanos elegiam antigamente pela sorte dos dados (tesserarum sortes) os seus Ditadores, Cônsules, Senadores e Tribunos do povo.

    E mesmo ainda hoje, na maior parte dos lugares e quase por toda a parte, os cargos, em qualquer estado que seja, os dons, as heranças distribuem-se pelas sortes.

    Daí (Eclo 14, 15): « Não será a outrem que deixarás o fruto dos teus esforços e dos teus trabalhos, para ser repartido pela sorte?»

    Mas aquilo que foi dito aqui é suficiente.

    Porque não nos compete a nós indicar aqui tudo o que se pratica para confirmar esta arte divina e geomântica da adivinhação; mas tudo o que foi dito por nós até aqui mostra com a maior evidência que Deus é ele próprio o Moderador, o Reitor, o Autor, o Instigador, o Defensor e o Promotor das sortes.

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