Teosofia Prática - Da minha experiência

  1. Porque agradou ao bom Deus levar-me, a mim indigno verme, ao conhecimento de mim próprio, eu não enterrei esse conhecimento na minha propriedade;
    Pelo contrário, quero comunicá-lo àquele que o utilizará, se encontrar em si inclinação para isso,
    E portanto eu representei estas FIGURAS a fim de que quem imaginar ver Deus na constelação exterior, possa concebê-Lo em espírito.
  2. Eu trabalhei muito nesse sentido na minha juventude;
    Tendo lido na Escritura santa que Moisés, Josué, David e outros santos homens falavam com Deus e viam o céu;
    Mas eu não conseguia realizar a minha INTENÇÃO.
  3. Até que Deus misericordioso me apareceu interiormente, face a face, que Ele abriu o seu céu em mim, que Ele falou com a minha alma, boca a boca, segundo o ENS1 e a MENS2;
    Isso fez-me rejubilar extremamente, e inflamou-me de amor pelo meu adorável Jesus, ao qual eu me liguei de corpo, de alma e de espírito, não querendo mais sair d'Ele, nem fraquejar no sofrimento ou na aflição, e tendo a firme confiança de que Ele nunca mais me deixaria separar d'Ele.
  4. Foi o que Ele fielmente realizou:
    A Ele sejam portanto a honra, o poder, a força, o reino e o esplendor na Eternidade. Amém!

Notas

  1. O "Ens" é a Entidade ou Ser.
    O "Ens" é a "Essência" Essencial, Interior e Espiritual: a Verdadeira parte de nós que é obscurecida quer pela Natureza Animal quer pela Natureza Sideral.
    O progresso espiritual do ser humano faz-se no sentido do "ter" para o "fazer", e do "fazer" para o "ser".
    O "Ens" enquanto substantivo é o predicado mais geral e mais simples; enquanto particípio, é um predicado essencial apenas em relação a Deus em Quem a existência e a essência são uma só, ou cuja essência implica a existência. [  ]
  2. A "Mens", a mente, é a parte superior do ser humano.
    Atualmente é confundida frequentemente com o entendimento por causa das derivações modernas "mental" e "Mentalidade".
    Cornelius Agrippa ensina-nos qual é a diferença entre a mente, o espírito e a alma: «Plotino, e todos os platónicos, também consideram, depois de Hermes Trismegisto, três partes no ser humano, que são chamadas de superior, média e inferior. A superior é aquela parte divina que é chamada de mente, ou porção superior, ou compreensão iluminada. Moisés chama-lhe, no Génesis, o sopro das vidas, que Deus, ou o seu espírito, soprou em nós. A parte mais baixa é a alma sensitiva, que eles também chamam de ídolo; o apóstolo Paulo chama-lhe de homem animal. A parte do meio é o espírito racional, que reúne e une as duas extremidades, ou seja, a alma animal com a mente, e partilha da natureza de ambas as extremidades. A parte do meio é, no entanto, diferente da parte superior, a qual é chamada de intelecto iluminado, mente, luz e porção superior; mas ela também é diferente da alma animal, da qual o apóstolo ensina que nos devemos separar, pela virtude da palavra de Deus, dizendo: A palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, penetra até à separação da alma e do espírito. Porque a parte superior nunca peca, nunca consente com o mal, sempre se opõe ao erro e sempre leva ao melhor; e, pelo contrário, a parte inferior, a alma animal está sempre mergulhada no mal, no pecado e na luxúria, e sempre nos leva ao pior; é dela que Paulo diz: Vejo uma lei contrária nos meus membros, que me retém sob a lei do pecado. A mente, portanto, a "mens", a parte superior nunca é condenada; mas abandonando as suas duas companheira à punição, ela retorna intacta para a sua origem. Mas quanto ao espírito, que Plotino chama de alma racional, sendo naturalmente livre, pode, de acordo com a sua vontade, aderir a qualquer uma das duas partes; se aderir constantemente à parte superior, é finalmente unido e beatificado com ela, até que seja assumido em Deus; se aderir à alma inferior, é depravado e torna-se vicioso, até que se transforma num demónio mau. Aquilo que acabamos de dizer deve entender-se da mente e do espírito.» Cornelius Agrippa, Filosofia Oculta, liv. III, cap. XXXVI.
    Dito duma forma simples, a mente corresponde ao anjo, e a alma corresponde ao demónio, que acompanham o espírito do ser humano nesta vida. [  ]
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