Anfiteatro da Sabedoria Eterna - 10 de Janeiro



Versão antiga ou Vulgata Passagens citadas da Sacro Santa Escritura Nova tradução dos Provérbios a partir do hebreu, e da Sabedoria a partir do grego
10. → Eu sou verdadeiramente, eu próprio, um homem mortal, → semelhante a todos, e da mesma raça terrestre daquela que o primeiro foi criado; e eu fui figurado sob a forma de carne dentro do ventre da minha mãe. Sb 7, 1. 10. Eu sou, eu próprio, verdadeiramente um homem mortal, semelhante a todos, e eu fui procriado daquele homem que, o primeiro, foi formado da Terra.


  • Eu sou verdadeiramente eu próprio um homem mortal - dito de outra forma: a quem é que Deus revelará os seus mistérios? Me comunicará Ele a mim os segredos da Natureza? A mim verdadeiramente? O que sou eu então? Senão um pecador, e consequentemente um mortal? e por conseguinte indigno de tantos Bens e Dons de Deus, quer dizer, dos tesouros infinitos da Sabedoria eterna, dos quais é feita menção neste Prólogo?

    Eu respondo que confesso ser indigno de tais dons, mas que contudo tenho necessidade deles.

    Considere o Rei sábio, que, não andando ainda perfeitamente nos preceitos de David seu pai (porque ele imolava sobre os lugares elevados e queimava perfumes) não foi menos, pelo sonho de uma só noite, cumulado por Deus da Sabedoria tanto com as coisas superiores como com as inferiores (3Rs 3).

    E mesmo quando possuía a prudência no governo das coisas, a um tal ponto que ninguém se lhe podia comparar, dizia no entanto: Eu sou um homem mortal, semelhante a todos, etc.

    É assim (continuo eu) que Beseleel foi no entanto cheio com o Espírito de Deus, da Sabedoria, da Inteligência e da Ciência de todas as coisas, para inventar e executar tudo o que se pode fazer em ouro ou em prata, em bronze, em mármore e pedras preciosos, e todas as obras em madeira; e que Achaliab lhe foi dado por companheiro; e no seu coração, instruído em todas as coisas, foi colocada a Sabedoria pelo Senhor, por forma a que eles realizassem tudo o que lhes tivesse sido prescrito por Moisés (Ex 31, 3).

    Assim igualmente David, que, não tendo estudando as letras, foi no entanto pela eleição de Deus, de pastor criado Profeta, e o primeiro dos Doutores nas coisas Divinas, visto que, por elas, completou os Salmos e assim deixou distantes de si os mais requintados Poetas.

    No entanto, ele era pecador, adultero e homicida; contudo ele não perdeu o nome de justo, porque se reabilitou sempre por frequentes penitências.

    Elias, diz S. Tiago, 5, 17 (que vem extremamente a propósito na objecção presente) era um homem Semelhante A Nós (em si próprio, embora fosse Apóstolo, e sem o considerar fora da assembleia comum) sujeito a todas as afeições; e contudo, rezou com fervor afim que não chovesse sobre a terra, e cessou de chover durante três anos e seis meses. E rezou outra vez e o céu deu a chuva, e a terra o seu fruto. E assim de seguida.

    Não persistas na objecção: "Não deves, amigo, comparar-te com esses; Deus serviu-se aí desses órgãos excepcionais para realizar grandes coisas; considerando que as vocações deles e a tua são diferentes, tu julgarás que diferes igualmente deles próprios."

    Homem, há algo excelente, certamente, naquilo que tu aí dizes. Vou-te responder, e quem realmente me pararia se eu não estivasse desviado por tanto e tais e tão numerosas vocações, convites, admonições, adortações católicas e enfim mesmo cominações sob a pena muito grave da ira de Deus, oposta tanto pela própria Sabedoria como pelo Sábio, o que se verá frequentemente neste Prólogo, e se a Promessa Católica da Verdade, convidando todos os homens, não excluindo ninguém, tão frequentemente repetida pouco depois de ter sido já mencionada, não se lhe opusesse absolutamente.

    Creio mais nela, única verdadeira, que em todo o cortejo capcioso das tuas dubitações. Seguirei portanto sabiamente a Sabedoria e o Sábio que me chama e me estimula à Divina paciência. Porque é que eu me excluiria a mim próprio visto que não sou excluído por Deus?

    Mas mais alguém ainda duvidará e dirá: Eu sou jovem, e ainda não tenho cabelos brancos. Eu respondo: Deus não faz acepção de pessoas, etc., versículos 38, 184, 249 e que não é pela única quantidade dos anos que a velhice é tornada douta e agradável a Deus, como no versículo 351.

    Que seja também uma consolação e um exemplo pensar que José, David, Salomão, Daniel, Jeremias, Timóteo, etc., e outros (mesmo no nosso século) inúmeros, embora jovens, não foram insensatos e foram possuidores (pela graça de Deus) dos tesouros inesgotáveis da Sabedoria.

    Que seja do mesmo modo respondido à objecção da ignorância ou do esquecimento das diversas línguas, quer dizer do Hebraico, do Grego, do Latim, etc. que Deus tem frequentemente o costume de fazer Sábios e Doutores daqueles que falam apenas a sua única língua materna. Os exemplos são fáceis de encontrar, inúmeros e em todos os povos.

    Iahweh é o único que dá a faculdade de falar bem e a Sabedoria (Ex 4, 11, Mt 10, 19, Mc 13, 11, Lc 12, 11 e 12). O Espírito do Senhor falou por mim, disse David (2Rs ou Sm 23, 2), e o seu discurso esteve sobre a minha língua. Os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo (2Pd 1, 21).

    Por isto, portanto, tu não duvidarás da graça de Deus, cuja misericórdia está desde a eternidade até à eternidade sobre os que o temem (Sl 103, 17, vulg. 102).

    Mas exceptuando aqueles que são tão privados de faculdades que não conseguem agitar a seu preguiça nem a sua desconfiança para con'Tigo, Deus bom (versículos 216 e 324). Tanto quanto eu possa procurar no catálogo prolixo dos antigos fundadores de Ciências e de Artes (não excluído os Pagãos) e no nosso século, os cientistas e os instauradores destas mesmas ciências e todos os seus adeptos, Teosoficamente doutores e ductores, eu encontro a maior parte deles ignorante de numerosas línguas com excepção daquela que tinham costume de escrever desde a infância. Todos estes, digo eu, eram mortais, como tu, como eu e como nós o somos todos, e ainda por cima pecadores.

    Nós temos hoje o mesmo Deus que o teu e o deles: nós fomos feitos pelo mesmo Criador, Elohim, um (todos formados à sua imagem e semelhança), nós servimo-nos como eles da consolação, da defesa, do ministério, da guarda e da direcção nas nossas vias, que nos proporcionam os mesmos bons Espíritos (que Deus no-los envie!), nós gozamos das mesmas inclinações, no mesmo Mundo; da mesma forma que a todos, a Promessa muito verdadeira, católica da mesma Sabedoria Eterna, incarnada na plenitude dos tempos nos é dada.

    Quem por conseguinte, dirás tu, é essa da qual te glorificas tanto e na qual tens tanta confiança? Eu respondo-te de seguida: É a Sabedoria que se deve incarnar, que tu ouviste e ouves neste Prólogo; é a mesma incarnada, a mesmíssima Verdade, como disse S. João, 14, 12: Amém, Amém, eu vos digo, quer dizer a todos, em geral e em particular, quem crê em mim fará ele próprio as obras que eu faço e fará ainda maiores que estas; porque eu vou ao meu Pai. E, tudo o que vocês pedirem ao Pai em meu nome, eu o farei afim que o Pai seja glorificado no Filho. Se vocês me pedirem algo em meu nome (versículo 174) eu fá-lo-ei.

    E S. Mateus 17, 19: Os discípulos aproximaram-se secretamente de Jesus e disseram: Porque é que não conseguimos expulsar aquele demónio? Jesus respondeu-lhes: Por Causa Da Vossa Incredulidade (e verdadeiramente hoje!). Amém, eu vos digo em verdade; se vocês tivessem fé, do tamanho de um grão de mostarda, vocês diriam a esta montanha: Move-te daqui para acolá; e ela mover-se-ia para lá, e Nada Vos Seria Impossível. Porque esta espécie (de demónio) só se expulsa pela oração e o jejum.

    E em S. Lucas 17, 6, o Senhor disse: Se vocês tivessem fé como um grão de mostarda, vocês diriam a esta árvore de amoras: Desenraíza-te e vai-te transplantar para o meio do mar; e ela vos obedeceria. Assim, portanto, tem fé.

    Nós gritaremos portanto com os discípulos de Cristo (idem, mesmo capítulo 5): O Senhor aumenta em nós a fé. Desta maneira, tu que te confias-te a Cristo em seu nome, quando tu tiveres aprendido, pelo exercício Teosófico, a rezar ao Pai em nome de Jesus Cristo Crucificado e a Crer, tu poderás Tudo.

    Tu continuas em seguida, dubitador, dizendo: Cristo também disse aos Apóstolos nesta passagem de S. Marcos, 16, 17: Os que acreditam em mim serão marcados assim: expulsarão os demónios em meu nome, etc. Ora isto realmente não se aplica a todos os ministros da Igreja católica (e ainda menos aos simples Cristãos), nem em todos os tempos, nem em todos os lugares.

    Eu pergunto-te, ó meu Senhor, não é verdade que também foi dito aos Apóstolos: Recebam o Espírito Santo; àqueles a quem perdoarem os pecado, são perdoados; e àqueles a quem não os perdoarem, não lhes são perdoados, (Jo 20, 22). E: Vão pelo mundo universal, preguem o Evangelho a todas as criaturas. Quem tiver acreditado e tiver sido baptizado, etc. (Mc 16, 15).

    Perfeitamente. Se, portanto, ele deu tanto aos Apóstolos, porquê a eles em vez de a outros? Se vocês excluem aqueles, porquê incluir antes (como vocês dizem) estes?

    É necessário mostrar o mandamento separador. Se as promessas da força unida à fé não são católicas, porque é que vocês as usam como consolação para a assembleia universal dos homens? Se é assim (para não dizer nada mais) porque é que vocês ensinam fábulas?

    Ó, o capítulo sinistro! o Hb 11, está comigo contra vocês. Temo que, se o mestre dos cristãos regressasse ao mundo, ele teria muito para vos repreender sobre a incredulidade e a dureza do vosso coração, porque, vocês são daqueles que (convencidos da verdade pelo testemunho da Consciência) sabem extremamente bem tudo aquilo que ele disse; e no entanto não acreditam.

    Porque ninguém deve desesperar dos Bens e dos Dons da Sabedoria Eterna, que se devem obter Teo-soficamente; a mão do Senhor nunca falta com liberalidade para com todos os que o invocam na fé e na verdade. Recordo-te a esse respeito a história do coxo curado pela fé (At 111).

    Que os teus olhos, agora, meu irmão, assim como o teu Espírito, se dirijam para a luz eterna e contemplem todo o nosso Anfiteatro, e então ele te ensinará a Luz de Toda a Verdade.

    Mas importa que o espectador que quer atingir o centro seja iluminado pelo Espírito da Sabedoria. De outra forma, essa Sabedoria Teosófica, divinamente anunciada por nós, será apenas trevas.

    Eu acrescento isto: é uma blasfémia gigantesca querer desculpar a sua preguiça e a sua desconfiança anticristã citando a Igreja primitiva, confirmada por milagres. Nós temos a promessa católica da Verdade eterna, dada de uma vez para sempre, e que não nos faltará na Eternidade.

    A tua incredulidade (testemunha Cristo, Mt 17, 20) é o que faz obstáculo aos Bens e aos Dons mirifiques de Deus. A promessa de Deus, o Melhor e o mais Grande dos seres, é constante, firme e sempre invariável, confirmada e reforçada pelo selo de Deus (que é a Verdade, que tu Adquirirás pela primeira figura deste Anfiteatro) desde que tomes guarda de não afastar ou impedir inconsideradamente a operação ou o efeito pela tua malícia e a tua desconfiança.

    Muitos Teólogos (objectar-se-á ainda) dizem historicamente muitas coisas sobre a Fé, e no entanto não demonstram, pelo mais pequeno efeito, a presença da força desta fé activa. Estes negam portanto (não falo dos bons), pela sua vida e os seus actos, o que a sua boca ensina. Eu sei o contrário por Teólogos que não se podem colocar em dúvida, quer do nosso tempo, quer do tempo dos nossos pais; tu o sabes por ti próprio; outros o ensinam e o testemunham.

    Tu deves realizar e conseguir pela Fé coisas maravilhosas e raras, não com o fim de confirmar a Doutrina da Religião, a qual (mesmo sem as tuas opiniões) eu sei que já foi suficientemente confirmada; mas (nota bem aquilo que eu quero) para mostrar a força da Fé (tal como convém ao Fiel tão favorecido pela Fé) e para exercer cristãmente para com o teu Próximo necessitado, o dever de Caridade.

    É por isso que eu desejaria que ninguém acreditasse que poderiam ser verdadeiramente Teólogos, qualquer que seja a sua idade, qualquer que seja a sua aptidão para disputar, aqueles que estão sujos por todas as espécies de vícios: soberba, hipocrisia, avareza, ódio, inveja, embriaguez e frequentemente (sob o manto da religião) luxúria, e, o dom da Fé activa e a luz do espírito sendo negligenciados, que se devotam a todas as afeições animais.

    Axioma: Tanto quanto cada um de nós se tiver submetido passivamente a Deus, tanto mais fé terá. Tanto mais fé tenha, tanto mais força terá para realizar as coisas maravilhosas.

    Eu não me refiro a esta Fé morta, S. Tiago 2, 17 (que já não é mais a Fé, que o diabo não é um santo, nem que o homem morto é um homem) mas a fé viva e activa, tal como ela é descrita em 2Pd, 1.

    Sumário: Crê cristãmente; vive Teo-Soficamente; reza, jejuando no Espírito e na Verdade, segundo as Regras e a Doutrina deste Anfiteatro; e, eu tomo Deus por testemunha, tu obterás de Iahweh (para a tua honra, para a utilidade honesta do teu pobre Próximo, e figas para o diabo!) colaborando sabiamente o que tu pedes Cristãmente (ver versículo 335).
  • Semelhante aos outros todos - Por Adão protoplasta, quer dizer, primeiro a ser formado, que bebeu a iniquidade, que é formado da terra, na mesma condição ou Lei que todos os outros; E por isso, hoje Rei, amanhã cadáver. A morte torna iguais o ceptro e o arado.

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